O MAIOR ESPETÁCULO DA VIDA

Os mais extraordinários espíritos passam por esse planeta no silêncio dos seus atos.

A história da maioria dessas pessoas não são contadas em evangelhos nem exaltadas em poemas ou cantigas de ninar.

São como cometas que cruzam os nossos céus todas as noites, e a gente pensa que é estrela cadente ou que foi uma luzinha de avião que passou.
São, acima de tudo, atores talentosos de um enredo universal, em que se espalham por todo o planeta, inseridos em tarefas cotidianas, em rostos humildes, e ninguém desconfia quem eles são de verdade, apenas sentem uma paz intensa quando eles estão do lado.

De peça em peça, cada um inserido em seus papéis, eles vivem dramas como os nossos, sofrem como sofremos, e se desesperam como nos desesperamos, mas lá no fundo eles estão cientes que tudo não passa de uma brincadeira de encenar, onde os atores precisam encarnar o personagem com veracidade e viver intensamente suas experiências, afinal, apesar da peça ser passageira, a experiência é eterna.

Para esses espíritos que reconhecem quem realmente somos, chamar o outro de irmão não tem conotação religiosa alguma, e sim certeza de que todos nós fazemos parte da mesma família de atores saltimbancos, num grande espetáculo.

Esses espíritos sabem que o amor e dedicação que recebem do Grande Diretor é tão imenso, que, naturalmente esse amor transborda de seus peitos em ondas douradas no silêncio do auxílio a todos, profissionais ou amadores, sem julgamento ou pensamento de esperar algo em troca.

Escondidos atrás de seus papéis e máscaras, essas almas boas amam em silêncio, transformando a ignorância que emanamos para o ar em gotas de compaixão e discernimento, que caem sob nossas próprias cabeças, e quem não tiver medo de se molhar, vai acabar entendendo que tudo tem sua razão de ser, e esse roteiro, que, por vezes, nos faz chorar e sofrer, pode-se transformar numa grande aventura no próximo ato, e não precisamos esperar a cortina
abaixar para cair na risada e na alegria de quem fez o melhor que pôde com o papel que desempenhou.

Esses atores mais velhos não nos roubam a cena, pelo contrário, eles cedem o lugar para que a gente possa estrelar, e viram coadjuvantes do nosso crescimento, muitas vezes em papéis que parecem pequenos, mas são essenciais para a trama que estamos a desempenhar.

Se algum dia você esbarrar nesses palcos da vida com um desses talentosos atores encenando o papel de um Luiz, Maria, Jesus, Zé ou Buda, repare que eles escolheram papéis que justamente lembram a quem assiste, ou a quem está do lado, que todos nós temos um grande potencial para nos tornamos estrelas, e que eles por livre e espontâneo amor pela arte e por quem atua, continuam a trabalhar nos bastidores do maior espetáculo da vida: a experiência!


- Frank -
Londres, 26 de Março de 2004.

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