NO COLO DE MINAS

- Por Maurício Santini -

Vem, minha doce amada, e joga teu relevo em mim.
Quero me deitar em teus pés de serra como uma flor que cai no jardim.
Prezo em sentir teu cheiro, preso em teus braços.
Livre, meu destino sempre busca teus abraços.
Vem, minha musa, de longe e tão perto em meus sonhos.
Eu sei, o mar não te toca, nem te lambe o horto.
No entanto, minhas lágrimas te inundam e formam lagos tristonhos.
Onde eu marejo meus olhos como um barco ancorado sem porto.

Vem, meu amor distante e deleita-te ao meu lado.
Que tuas ladeiras saudosas me levam ao teu céu escarpado.
Luzir em meu peito tuas minas, tuas contas, teus diamantes.
Que cismam em brilhar muito mais que os meus olhos distantes.

Vem, que saudade de tê-la de novo em meu leito!
Onde faço amor em meus sonhos de liberdade.
Antes que tardia, vem te aconchegar em meu peito.
Como um trem que parte e volta à felicidade.

Vem o mestre a esculpir minha ferida.
Vem o médium a escrever sobre a morte.
Vem de Minas, meu anjo barroco da sorte!
Vem de Minas aquilo que eu chamo de vida!

(Alusão ao Mestre Aleijadinho e ao Médium Francisco Cândido Xavier).

São Paulo, 27 de setembro de 2005.

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