OPOSTOS

(Poema metafísico da analogia dos contrários, isto é, a leitura é sempre oposta - Um exemplo disso é a frase: "A ausência é a essência da presença".)

Tudo que une, separa!
Se pára, todo o movimento
Se torna passado, o momento.
A dor que cisma, se sara,
Do manso, vem logo a tara!
Da vida perde-se o alento,
O lento, depressa, prepara
o salto, solto, no vento.

O tonto, tanto, vingará
quanto o algoz mais ciumento!

A moça, muda, cantará
memórias do esquecimento...
E quanto mais se lembrará,
mais fúria faria o momento
e aquele que até se sonhara
tão simples e, às vezes, tão rara
tão doce se fez seu tormento!

- Maurício Santini -

Imprimir Email