ANTIGO EGITO (DE HOJE)

Quando penso no Antigo Egito, a primeira imagem que me vem à mente é a de hoje. Estar aqui, agora, enfrentando os desafios diários da superação pessoal, em provas de ouro.

Avistando a geometria sagrada aplicada à nossa arquitetura, lendo sobre como a ciência está conhecendo a teoria do caos em seus princípios criativos, estudando em cursos e livros sobre Bioenergia e Cosmogonia, Física Quântica e um universo de possibilidades.

Tudo me fica claro na mente, somente algo me pressiona o peito numa pergunta: quando realmente compreenderemos o Amor?
Para estudar esses conhecimentos citados acima, nas iniciações esotéricas do Antigo Egito, o candidato era duramente provado em seu caráter e em seus verdadeiros objetivos. E mesmo assim, frente ao desenrolar dos dias, muitos se perdiam pelo caminho. Afinal, o mestre não incidia sobre a opção pessoal nem sobre a responsabilidade das opções. Mas orientava, apenas.

Contudo, quem eram esses mestres? Por que apenas alguns foram escolhidos e para quê? E como pode ser que, conhecimentos tão preciosos, hoje estejam disponíveis em cursos, livros, internet - através da mediunidade, ou da própria capacidade da pessoa projetar-se para fora do seu corpo físico, ou num estado profundo de meditação?

Talvez o leitor nem saiba, mas todo o desafio de viver, as reações emocionais, as atitudes virtuosas, o estar centrado na própria consciência (com lucidez diária e na projeção astral), a assistencialidade à humanidade, a busca de tornar-se alguém melhor diariamente, o autoconhecimento - compõem a imagem mais bela daquele Antigo Egito iniciático.

É claro que sendo sabedoria, nunca esteve restrita apenas aos egípcios.

Evoluiu à frente da humanidade, em outras diversas culturas, fazendo uso da linguagem e expressões locais e temporais. Mas, sempre se mantendo absoluta, única.

Pessoalmente, viajar por entre essas areias de conhecimento puro e reencontrar os enigmas projetados para a posteridade, me toca profundamente. É a constatação real de que já vivenciamos eras dessa inteligência tão bem qualificada.

Vejo com certa responsabilidade que, o que ainda não vivenciamos, ainda hoje, é o Amor. Essa descomunal grandeza de realização da alma humana, que abarca ciência com consciência. Conhecimento com respeito, força e delicadeza a serviço da evolução de todos.

Nos ensinamentos egípcios de outrora, essa riqueza espiritual, fruto do coração-consciência, foi largamente enfatizada no pós-morte. Era quando se avaliava a importância das atitudes diárias: o julgamento do coração.

Anúbis, o deus com cabeça de chacal, conduzia o espírito à sua verdade.

Os registros constantes de Toth (o ákasha) contrapõem-se... Na balança, a pena de Maat, a deusa da justiça, era colocada frente ao coração. O coração bom era leve.

As leis cósmicas não o fizeram pesar. Pelo contrário, deixaram-no mais leve que a própria pena. Sendo assim, essa alma nobre era conduzida, pelo próprio Hórus, no barco de Rá, ao outro lado da margem. Para o reino de Osíris, o mundo sutil, preenchido pelo brilho dourado do Deus-Sol em sua plenitude.

Hórus, a divindade com cabeça de falcão, representava o ouro da alma.

O conhecimento supremo da própria evolução. O barco de Rá, as gerações que encarnavam e desencarnavam triunfando nos preceitos da luz desse conhecimento secreto.

Rá, o Sol, o Todo...

Osíris, o próprio Iniciado. Aquele que atingiu a realização da consciência em planos mais densos e retornou iluminado.

Eu e você, leitor, que adentramos aos antigos preceitos herméticos egípcios, somos os candidatos à prova de ouro... Descobrir e realizar o próprio coração nos dias de hoje.

Sabemos hoje exatamente o que já se sabia. Enfrentamos nossa conta-corrente e as investidas que sempre terminam no vermelho; as agruras de um dia sempre apressado pelo resultado, uma afetividade capenga dentro de uma relação a dois - sempre exigente - e vemos todos os dias (para ser mais exata, todas as noites, nossos sonhos de alma passarem pelo calendário. Intocáveis).

Há muito tempo dizemos que chegará o dia de os realizarmos. Talvez, desde o Egito Antigo...

No Antigo Egito (de hoje) as provas são outras, mas o Olho Que Tudo Vê (Olho de Rá), vê mesmo. Quanto nos dedicamos arduamente por “gerações” de amadurecimento...

Até quando? Quando de fato se inicia o nosso despertar? Estamos realmente despertos ou continuamos candidatos? Estamos especializados em estagiar...

No Antigo Egito (de hoje), só sei como encerrar esse texto, tecnicamente.

Sei, também, que preciso compreender já, com todo coração, o que é a minha vida, amando.

Sei que sei menos do que deveria e mais do que eu gostaria.

Sei que a simplicidade é o maior tesouro dos dias e que sem entusiasmo ninguém dá um passo adiante.

Sei que essas poucas linhas me exigiram vidas de experiência e transformação para se tornarem mais do que apenas conhecimento.

Sei que não quero mais levar tanto tempo para descobrir o que os espiritualistas egípcios, chineses, hindus, tibetanos, gregos e muitos povos da antiguidade já sabiam, e que ainda agora está aqui: o maior amor do mundo, bem dentro de mim...

E, por isso tudo, companheiro leitor, deixando de ser uma das presentes múmias, lhe envio agora uma boa e estrondosa gargalhada.

Quem sabe não rimos juntos, hein?!

Om Amor, Om Alegria!

Risos!


- Monica Allan -
São Paulo, 22 de setembro de 2003.

- Nota de Wagner Borges: Monica Allan é participante do grupo de estudos e assistência espiritual do IPPB. É a coordenadora da Oficina do Riso. Para maiores detalhes sobre o seu trabalho, ver a sua coluna na revista on line de nosso site: www.ippb.org.br

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