1400 - DESPERTAR ESPIRITUAL – III*

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DESPERTAR ESPIRITUAL – III*
(No Tempo Certo da Jornada)
 
Ontem, éramos arrogantes!
Nós nos considerávamos os melhores entre os melhores.
Para nós, o resto da raça humana era apenas massa impensante.
Nós éramos os iniciados nas artes espirituais, os escolhidos da Luz.
E os profanos que vociferavam perto do templo eram somente escória.
Por muitas vezes, os hierofantes** nos avisaram sobre nossa soberba.
Mas o nosso orgulho nos deixou surdos ao bom senso e cegos para o Bem.
Em alguns casos, até achamos que os mestres estavam velhos e ultrapassados.
Por isso, não escutávamos ninguém (só o vozerio da nossa ingratidão).
O tempo passou... e a roda reencarnatória nos jogou no mundo novamente.
Reencarnamos entre os profanos que tanto abominávamos antes.
Os mestres ascenderam para as estrelas, por mérito e serviços realizados.
Eles eram realmente servidores da Luz, e por Ela obraram e ascenderam.
Mas nós, não. Estávamos atolados de orgulho e, por isso, ruímos fragorosamente.
E tivemos que nos erguer, vida após vida, por esforço e muitas provações.
Como a casca do nosso ego era dura, fomos ralados pelo Carma e pela dor.
Juramos não cair novamente. E pedimos perdão à Luz, pela nossa imaturidade.
Lentamente, fomos melhorando. E, lá do Alto, os mestres continuaram velando...
Eles sabiam onde nós estávamos. Às vezes, nós os sentíamos espiritualmente.
Invisivelmente eles velavam por nós e nos esperavam no átrio do templo.
Eles sabiam que o tempo faria o seu trabalho e desbastaria o nosso ego.
Era fundamental que aprendêssemos a respeitar os outros e as diferenças.
E que, diante dos que sabiam menos, os ajudássemos, sem julgamento algum.
Foi preciso passar muitas provações para isso, mas, finalmente aprendemos.
Nós, os antigos iniciados espirituais, estávamos aprendendo com os profanos.
O nosso templo agora era no mundo dos homens, onde purgamos o nosso ego.
Na verdade, não éramos tão iniciados como pensávamos (e nem especiais).
Nós éramos os escolhidos, sim, mas só pelo nosso próprio ego iludido de poder.
Não passávamos de um bando de estudantes espirituais apodrecidos de vaidade.
E, então, viramos neófitos da vida, para aprendermos sob a retificação do Carma.
Hoje, não nos interessa mais nenhum grau distintivo ou galardão iniciático.
Porque sabemos que é o que pensamos, sentimos e fazemos que nos revela.
Diante da Luz, o que nos credencia são os nossos atos e o nosso caráter.
Aprendemos isso com muito custo. E somos gratos aos mestres que nos ajudaram.
Sem eles, teríamos sucumbido nas trevas. Sem eles, teríamos desistido.
Aprendemos a lição e presentemente estamos nas lides espirituais com Amor.
Dentro ou fora do corpo, somos servidores da Luz. Somos aprendizes do Todo.
Hoje, o nosso lema é “fazer o Bem sem olhar a quem”. E, assim, vamos seguindo...
Graças ao Alto, já vai longe o tempo de nossa arrogância iniciática.
O que ficou foi a vontade de servir ao Grande Plano de Evolução da Humanidade.
E uma grande gratidão aos mestres, por secretamente velarem por nós.
Outrora, não éramos iniciados, éramos tolos! Hoje, somos apenas neófitos da vida.
Sumiu a nossa empáfia e o respeito floresceu em nossos corações.
E, por onde formos, faremos melhor dessa vez... porque será por Amor.
Ah, já vai longe o nosso tempo escuro... Só ficou a gratidão ao Todo, por tudo.
Um dia, estaremos novamente junto aos hierofantes, lá na Casa das Estrelas.
Mas, agora, o nosso templo é o mundo. E todo ser vivo é nosso irmão de senda.
Então, vamos honrar o nosso lema, que é “fazer o Bem sem olhar a quem”.
E que assim seja, pela Graça do Todo, o Grande Hierofante*** de tudo.
(Ah, nós aprendemos sim, que sem Amor ninguém segue...)
 
P.S.:
Ontem, estávamos juntos; hoje, também; amanhã, só o Todo sabe.
O certo é que já vai longe o nosso tempo de tormentas...
Agora, já vemos o sol da espiritualidade surgindo acima da linha do horizonte de nosso coração... e também ouvimos a música das esferas nos chamando para a consecução da Luz em nossos atos.
(Ah, meus parceiros de jornada, onde estão as palavras? Sumiram... Só ficou aquele Amor, que não se explica, só se sente, em Espírito e Verdade.)
 
(Dedicado aos meus amigos Wladimir Jr., Vitor Hugo França, Marisa Oliveira, Leonardo Dolfini, Leandro Dolfini, Elaine Vitoriano, Sergio Scabia, Luis Medeiros, Evaldo Ribeiro, e Nair Cortijos – e também aos participantes do Curso Om Sattva, que está sendo realizado nessa semana no IPPB.)
 
 
Paz e Luz.
Gratidão.
 
- Wagner Borges - neófito da vida...
São Paulo, 05 de março de 2015.
 
- Notas:
* As duas partes anteriores desse texto estão postadas no site do IPPB, no seguinte link específico:
** Hierofante - dentro do contexto das iniciações esotéricas da antiguidade, era o mestre que testava os neófitos (calouros) nas provas iniciáticas.
*** O Todo - expressão hermética para designar o Poder Absoluto que está em tudo. O Supremo, O Grande Arquiteto Do Universo, Deus, O Amor Maior Que Gera a Vida. Na verdade, O Supremo não é homem ou mulher, mas pura consciência além de toda forma (e tanto faz chamá-lo de Pai Celestial ou de Mãe Divina. Ele é Pai-Mãe de todos.
Quando se afirma que o Todo é o Grande Hierofante, é no sentido de que Ele é o Supremo iniciador de todos os seres, pois está em tudo!
Obs.: Enquanto eu passava essas linhas a limpo, rolava aqui no meu som o CD “Piano”, do tecladista new age americano Peter Kater (artista que aprecio muito e tenho todos os seus CDs). E eu gosto muito da música “Spirit” (faixa 4 do CD). Então, deixo na sequência dois links do site do Youtbe para quem quiser aprecia-la também (uma versão de estúdio e uma versão ao vivo).
Peter Kater:
- "Spirit" (Original, studio) -
- "Spirit" (Live concert performance) -

Texto <1400><20/03/2015> 

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