1466 - REVELATION - II*

1466 - REVELATION - II*
 
REVELATION – II*
(Texto Postado Originalmente nas Listas Internas dos Grupos de Estudos e Assistência Espiritual do IPPB e do Espaço Origens)
 
Olá, pessoal.
Ainda na esteira da reunião de ontem, onde tanto falei da sabedoria dos Rishis** e dos Upanishads, hoje eu acordei com um olhar especial interpenetrado no meu próprio olhar... e fiquei o dia todo assim.
No fim da tarde, fui para a Rádio Mundial gravar o programa “Viagem Espiritual”***. E, mesmo dentro do metrô, eu me sentia descolado energeticamente, com a aura da cabeça bem expandida e aquele sentimento enorme emanando pelos olhos...
Eu olhava para as pessoas em trânsito na estação e pensava:
“São todos espíritos, centelhas vitais de um Grande Amor.
São meus irmãos de senda na Terra, mesmo que não saibam disso.
E Brahman**** está neles!”
E, ali mesmo, no trem em movimento, eu escrevi as seguintes palavras:
“Às vezes, o olhar de um Rishi interpenetra nosso olhar...
Então, tudo muda e passamos a ver um Grande Amor permeando a existência.
Sim, sentimos Brahman em tudo!
Hoje é um desses dias... em que a sintonia espiritual diz tudo.
E quando o olhar de um Rishi está conosco, a Luz transborda em nosso rosto...
E, em nosso coração, desce o infinito.
Então, só fica o silêncio e a sintonia sutil.
(Às vezes, eu me lembro de algumas coisas... e quero voar para as estrelas.
Daí, eu vejo o olhar de um Rishi... e curvo minha cabeça.
E com o olhar dele interpenetrado no meu, olho com Amor para o mundo.
Ah, quem compreende isso, em seu coração, realmente compreende.)”
 
 * * *
 
Depois, passei na Banca do Bruno, em frente à Rádio Mundial e brinquei com meus amigos de lá, como sempre faço. E fui gravar o programa...
Nos estúdios da Rádio, brinquei com todos, como de hábito.
Após a gravação, desci e fui comer algo numa lanchonete perto, onde também brinquei com meus amigos de lá...
Finalmente, atravessei a Avenida Paulista e fui na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Rodei por lá e comprei um livro e um CD.
A livraria estava cheia e ninguém notava nada, mas eu ainda estava na mesma sintonia espiritual de antes, com o olhar cheio de Amor. A aura da minha cabeça continuava bem solta...
Peguei o meu iPod, os fones de ouvido e comecei a ouvir música. Selecionei um trabalho do vocalista americano Chistopher Cross (CD. “Doctor Faith”) e dei play...
Então, descendo a rampa na direção do caixa, quando estava tocando a música “November” (quinta faixa do CD), o meu chacra frontal***** deu um clarão e eu vi alguém, por clarividência, em meio ao movimento das pessoas naquele trecho do ambiente... e, para minha surpresa, era o Henrique!
Ele veio em minha direção e riu. Estava plasmado como uma criança de uns dez anos. Daí, eu parei num cantinho e fiquei quieto, como se estivesse só curtindo a música que rolava. E ele me disse: “Eu prefiro aparecer assim para você, pois foi na época de minha infância que estivemos mais próximos.”
Nesse momento, fui tomado por um sentimento que não sei definir. Lembrei da Helena, minha filha mais velha, que era amiga dele. E, na sequência, também me lembrei dos pais dele e do Murilo, o seu irmão caçula.
O Henrique estava ali, no mesmo lugar onde um sujeito perturbado deu uma paulada em sua cabeça, no ano de 2009. Por causa disso, após um período em coma, ele desencarnou e voltou para a Casa das Estrelas******.
Sim, ali estava ele, o menino bom que eu conheci. Seus olhos estavam muito brilhantes (típico de quem está bem lúcido espiritualmente).
Continuava rolando no repeat do iPod a música “November”... e eu ali, de frente com ele. Então, ele me passou um recado para os seus pais e seu irmão... e eu prometi a ele que depois repassaria tudo para eles.
Foi então que ele me surpreendeu: ele ergueu a mão e colocou algo sobre o topo da minha cabeça (que já estava dilatada). E me disse: “É um presente para você!”
Era uma flor de lótus feita de massinha (ele tinha dotes artísticos e adorava fazer bonecos de Krishna, Shiva e Ganesha).
Ele riu novamente e me disse: “Eu vejo você assim, com uma flor de lótus aberta no alto de sua cabeça. Sei que você é muito feliz com a Espiritualidade. Quando quiser lembrar-se de mim, pense nessa flor de massinha.”
Ah, eu sentia a alegria dele em mim.
Então, na minha frente, ele se desvaneceu numa Luz suave.
Eu fiquei ali, emocionado... escutando “November”.
Desci a rampa e paguei a minha compra.
Saí da livraria e entrei numa loja ao lado, para comprar duas canetas novas.
Eu adoro canetas legais (muito embora as melhores sejam bem caras).
E, surpresa, ao sair da loja, eu vi o Henrique novamente... e, dessa vez, ele estava já plasmado com a forma de adulto (com a idade que estava um pouco antes de partir).
O saguão em frente estava cheio de gente indo e vindo (era por volta das 18h45min)... e ele ali, em pé, na minha frente.
Então, sentei-me ali mesmo e peguei uma das canetas novas e um bloco de notas.
O meu olhar estava aceso e o meu coração cheio de alegria serena.
No iPod, continuava repetindo “November”.
Olhei para as pessoas naquele saguão, indo e vindo nesse horário de rush da cidade... e senti a compaixão fluindo dos meus olhos.
O Henrique percebeu e me disse: “Wagner, olhe como as pessoas estão armadas e prontas para brigar por qualquer coisa. Elas estão carregando um clima de belicosidade em seus corações e mentes. Estão agitadas por dentro, por diversos motivos.
Por isso, ocorrem as guerras e os conflitos no mundo. Está tudo dentro do próprio ser humano. E quando ele exterioriza isso, o conflito emerge em torno de sua vida.
É esse clima bélico que faz a violência acontecer. É o que enlouquece os homens.
Observe como essas pessoas se movem ao sabor da agitação... e nem se dão conta de que carregam uma Luz dentro do próprio coração. Tudo poderia ser diferente se elas se desarmassem e, com humildade, refletissem na brevidade da vida na Terra.
Wagner, isso é falta de perceber o Divino dentro delas mesmas. É falta de lucidez misturada com ignorância e arrogância. E isso só gera dor e confusão.”
Rapidamente escrevi o que ele disse. Ao mesmo tempo, eu pensei:
“Olha só, o menino que eu conheci é um espírito cheio de sabedoria. Quem diria, o Henrique estreando minha caneta nova!”
Ele riu e concluiu: “Os ensinamentos de Jesus, Buda e Krishna são tão lindos... Se as pessoas os praticassem, a violência desapareceria. Ah, se elas prestassem mais atenção nisso.”
E, novamente na minha frente, ele sumiu no meio de uma Luz.
Eu saí dali e fui pegar o metrô de volta para casa...
 
 * * *
 
Dentro da estação da Consolação, bem cheia, eu me lembrei de queridos amigos que sempre vão na Livraria Cultura comigo, e que, com certeza, teriam gostado muito de ter estado ali hoje. Eu sei que eles teriam sentado ao meu lado e curtido tudo junto comigo, aproveitando a oportunidade espiritual.
No iPod, continuava rolando “November”...
Então, eu olhei a multidão aglomerada dentro da estação e pensei:
“Tem Brahman dentro deles!”
E lembrei-me do Rama... e fiquei louco para chegar em casa e abraçá-lo*******.
Peguei o trem e fui para a estação do metro da Saúde...
Passei numa padaria e comprei algumas coisas para jantar em casa.
Brinquei com as moças do caixa, como sempre faço.
Uma delas me olhou de frente e me disse: “Você está com os olhos brilhantes, está mais jovem!” – E a outra moça também disse: “Está bonitão, hein? Fez cirurgia plástica?”
Eu me limitei a rir... acho que elas viram o olhar do Rishi no meu olhar.
Cheguei em casa e fui levar o Rama para dar uma volta.
E, agora, eu vou ligar para os pais do Henrique para contar-lhes do recado do seu filho para eles. Eu sei que eles ficarão muito contentes com tudo.
Eu sei que outros pais, que também passaram perdas de filhos, ficarão felizes de ler algo assim. Toques de imortalidade da consciência são muito importantes para todos!
Vocês já sabem: “Há algo mais... Um Amor, uma Luz.”
Amigos, eu estou aqui escrevendo tudo isso e com aquele olhar... que não se explica, só se sente. E que me faz ver estrelas.
Sim, estrelas de Brahman!
 
P.S.:
Ah, esse Amor silencioso...
Que vela por entre os planos.
Que, um dia, fez o sábio Shankara escrever:
“Há almas boas, tranquilas e magnânimas,
Que, como a primavera, fazem bem a todos.
Elas ajudam a todos na longa travessia das existências seriadas...
Fazem isso apenas por sua própria bondade.
E sempre ensinam que há uma Luz que brilha mais do que bilhões de sóis juntos...
Que é a essência da alma.
Essa é a Luz que mora no coração.”
Sim, os Rishis velam silenciosamente...
E, às vezes, o olhar deles desce dentro do nosso olhar.
E eu não sei mais o que dizer.
(Aqui, continua rolando “November”...)
 
Paz e Luz a todos.
 
- Wagner Borges - mestre de nada e discípulo de coisa alguma.
São Paulo, 10 de dezembro de 2015.
 
- Notas:
* A primeira parte desse texto está postada no site do IPPB, no seguinte link:
** Rishis – do sânscrito – sábios espirituais; mestres da velha Índia; mentores dos Upanishads.
*** O programa Viagem Espiritual está no ar desde 1999, e é apresentado todos os domingos, das 12h30min às 13h, na Rádio Mundial de São Paulo – 95.7 FM.
**** Brahman – do sânscrito - O Supremo; O Grande Arquiteto Do Universo; Deus; O Amor Maior Que Gera a Vida. Na verdade, O Supremo não é homem ou mulher, mas pura consciência, além de toda forma. Por isso, tanto faz chamá-Lo de Pai Celestial ou de Mãe Divina. Ele/Ela é Pai-Mãe de todos.
***** Chacra Frontal - é o centro de força situado na área da glabela, no espaço espiritual interno da testa. Está ligado à glândula hipófise – pituitária - e tem relação direta com os diversos fenômenos de clarividência, intuição e percepções parapsíquicas. É o chacra da aprendizagem e do conhecimento. Em sânscrito ele é conhecido como “Ajna”, o centro de comando.
Obs.: Chacras - do sânscrito - são os centros de força situados no corpo energético e têm como função principal a absorção de energia - prana, chi -, do meio ambiente para o interior do campo energético e do corpo físico. Além disso, servem de ponte energética entre o corpo espiritual e o corpo físico.
  Os principais chacras são sete – que estão conectados com as sete glândulas que compõem o sistema endócrino: coronário, frontal, laríngeo, cardíaco, umbilical, sexual e básico.
****** Henrique era um jovem artista de 22 anos, amigo das minhas filhas e filho de um casal amigo. Ele foi agredido com um taco de beisebol na cabeça dentro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em 21 de dezembro de 2009. Ficou em coma até outubro de 2010, quando, finalmente, voou de volta para casa, lá em cima, nas estrelas...
******* Rama é um cãozinho da raça Yorkshire Terrier, de cor escura mesclada com tons claros, atualmente com seis anos de idade. O seu nome é uma homenagem a Rama, um dos maiores avatares da tradição hindu.
Ver o texto “Rama – Um Presentinho da Natureza – IV”, postado no site do IPPB, no seguinte link:
Obs.: Para quem quiser apreciar a linda canção “November, deixo na sequência dois links do site do Youtube.
Christopher Cross:
- "November (Two Hearts)" - Studio, 2011 –
- "November (Two Hearts)" - Live, 2011 –

Texto <1466><17/12/2015>

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