41 - ÁGUAS DE BRAHMAN
Texto escrito por Renato Stella em cima das idéias sobre Brahman e Oceano de uma aula do dia 10/06/98 do prof. Wagner Borges.
"As pessoas são gotinhas de água. Os amparadores são copos cheios de água. Os grandes mestres são baldes cheios de água. E Brahman é o Oceano."
- Pai Joaquim de Aruanda -
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Baseado nisso, podemos "viajar" no seguinte:
Assim como ocorre o processo de evaporação no oceano que gera as nuvens cheias de água que se transformam em chuva que cai nos rios e estes desaguam no mar, nós somos como gotas desse Oceano no momento com forma humana e fluindo na correnteza do rio que é a evolução que levará todos, mais cedo ou mais tarde de volta ao Oceano.
Conclusões:
Assim como as gotas, viemos todos do mesmo Oceano, somos em essência todos iguais e irmãos.
Uma vez no rio, com a forma humana, e sem saber de onde viemos, para onde estamos indo e o que estamos fazendo ali, tentamos nos agarrar a qualquer coisa que vemos nas margens porque estamos com medo do que pode aparecer depois da próxima "curva" ou da próxima queda d´água. Esses galhos e pedras onde nos agarramos são as coisas materiais que nos apegamos, pessoas, situações cômodas.
O engraçado é que só quando nos agarramos a um "galho" é que passamos a sentir esta força da "correnteza" que está sempre nos empurrando, e quanto mais nos agarramos, maior é a sensação da correnteza, e então começamos a sentir dor, a dor de estar tentando ir contra a correnteza. Daí podem ocorrer duas situações básicas:
1) Chega um ponto em que a dor e o cansaço de se agarrar começam a ficar insuportáveis e não há outra saída senão largarmos nosso galho e nos prepararmos para enfrentar o que vier pela frente. Esse é o chamado caminho da dor.
2) Uma vez agarrados e sofrendo, olhamos para o rio e vemos que ao contrário de nós, alguns não se agarram em nada e passam "voando" à nossa frente, levados pela correnteza, e ainda por cima estão se divertindo à beça e chamando todos os agarrados para pegarem carona com eles. Alguns largam o galho rapidinho, outros sentem medo, outros largam o galho mas voltam logo depois, outros ainda estão tão preocupados em arrumar maneiras mais eficientes de se agarrar que nem percebem o povo todo passando ao seu lado e chamando por eles. Mas não tem importância, pois esse é o livre arbítrio de cada um, e os que estão fluindo não se preocupam pois sabem que a água do rio não acaba nunca e que a correnteza também não cessará.
Nesse rio, de vez em quando vemos uma imensa cachoeira à frente e ficamos com medo de cair nela. Essa queda d´água é a morte. Quando caímos lá de cima no rio, a pancada é tão forte que ficamos inconscientes por uns momentos e quando "acordamos" estamos no fundo do leito do rio e lá ficamos maravilhados com o que lá vemos.
Lá no fundo do rio encontramos colegas e entes queridos que haviam descido a cachoeira antes que nós e pensávamos que estavam mortos e então entendemos que como gotas pertencente ao Oceano, não morremos, só ficamos desmemoriados pela pancada da queda, e além disso lembramos de outras quedas já sofridas.
Lá no fundo também tomamos lições de como fluir melhor na superfície, e como "descer" melhor a cachoeira para que a pancada não doa tanto, e entendemos que a queda serve também para aliviar um pouco o peso de tanta sujeira e meleca que agarramos na superfície. Ficamos sabendo também que alguns não tem o menor medo da cachoeira, e quando ela chega, em vez de ficarem gritando e esperneando, dão cambalhotas de alegria no ar, posam pra fotografia e caem na água em grande estilo, sem pancada nem inconsciência nenhuma.
Aliás, ouvi dizer que alguns por considerarem essa história de cachoeira uma grande piada, quando estão caindo, gritam só de sacanagem coisas como:
- "Jerônimoooo"
- "Madeeeeeira"
Mas devido ao nosso "peso vibratório", somos atraídos de volta à superfície para que vivamos uma nova etapa de "correnteza".
Depois de tantos tombos e arranhões, começamos a perceber que em nenhuma das duas margens (extremos) está o lugar correto para fluir e que o melhor é sempre o Caminho do Meio, onde o leito é mais fundo (por isso não nos "ralamos") e ainda por cima no meio a água sempre corre mais rápido do que nas margens.
Uma vez fluindo pelo meio do rio, começamos a prestar mais atenção no que vem logo a frente, não temos mais medo da próxima cachoeira, procuramos ajudar os que ainda se agarram, e ainda de vez em quando, descendo essa ladeira, temos por uns rápidos momentos, um vislumbre do Grande Oceano, lá longe, o que nos dá mais força para voltarmos logo para Ele.
De vez em quando o Oceano, vendo nossa dificuldade, aumenta a força de sua maré e manda Grandes Ondas (Avatares) rio acima para que essas ondas tragam um pouco do Amor que existe no Oceano e esse Amor nos inspire e dê força para continuarmos nossa jornada.
Cabe a nós largarmos de vez nossos galhos e pedras, deixarmos qualquer peso desnecessário pelo caminho e pegarmos de vez essa Onda que nos levará de volta ao AMOR IMPERECÍVEL DO GRANDE OCEANO.
Um Grande Abraço de Paz e Luz a todos!
- Renato Stella -
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Texto <41><16/08/1998>