A NATUREZA DO PERISPIRITO
Conhecer melhor o corpo fluídico que envolve o espírito é a chave que permite compreender a enorme gama de fenômenos mediúnicos.
- Alcione Rebelo Novelino - Associação Médico-Espírita do Brasil
- Alcione Rebelo Novelino - Associação Médico-Espírita do Brasil
Perispírito, corpo fluídico ou corpo espiritual, no dizer dos espíritos, é um corpo fluido que envolve o espírito. Kardec é quem deu a este corpo fluídico o nome de perispírito, em alusão ao perisperma, membrana que envolve a semente de um fruto.
O perispírito é um dos produtos mais importantes do Fluido Cósmico Universal. "É uma condensação deste fluido em torno de um foco inteligente ou alma". Tanto o corpo carnal como o perispírito são matéria e derivam do fluido cósmico, mas a matéria de ambos se encontra em diferentes condições vibratórias, como diria André Luiz.
Praticamente todas as civilizações humanas do passado falaram no perispírito. Os egípcios conheciam-no como o "KHA". Na índia, no Rig Veja, fala-se em "Iíngua-sharira", enquanto que no esoterismo judeu é o "nephesh". Paracelso o chamou de "corpo astral" ou "evestrum" e Paulo de Tarso o denominou como "corpo espiritual" ou "corpo incorruptível".
Formado dos fluidos espirituais de cada globo, o perispírito varia de acordo com o meio onde se encontra. Suas características dependem do nível moral e espiritual alcançado por cada individualidade, pois é esta moral idade e espiritualidade alcançada em numerosas experiências reencarnatórias que funcionará como um foco de atração para este ou aquele elemento (átomo) da matéria espiritual, de sorte que o perispírito retratará sempre o nível espiritual de cada criatura.
Portanto, o corpo espiritual ou perispírito tem uma forma para se constituir bem distinta do corpo físico. Enquanto que este é formado basicamente dos elementos carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio (constituintes básicos da matéria orgânica), os átomos espirituais que compõem o perispírito variam de acordo com sua evolução.
MATRIZ ESPIRITUAL DO CORPO
Kardec nos ensina que o perispírito, por meio de uma expansão do mesmo, une-se ao ser humano desde o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Daí para frente, orienta a divisão celular do mesmo, unindo-se ao corpo físico célula a célula, órgão a órgão, molécula a molécula, átomo a átomo. Esta união permanece por toda a vida física do indivíduo e só por ocasião da morte do corpo físico é que ocorre a desunião do perispírito, quando ele volta ao mundo espiritual, que é seu local de origem.
Orientando a divisão celular, o perispírito é, por isso mesmo, a matriz do corpo físico. Numerosos fenômenos podem ser explicados quando conseguimos perceber que a matriz do corpo físico se encontra fora do mesmo, embora agregado a ele. Um deles é o intrincado fenômeno da embriogênese.
É muito conhecido entre os embriologistas e curiosos o fato de que, quando nos estágios iniciais de formação do embrião, ao se colocar uma célula que, em seu lugar de origem, já estava sendo diferenciada para dar formação a uma estrutura do aparelho digestivo, por exemplo, em um local que deveria redundar no olho do organismo, esta célula que já estava se diferenciando regride para seu estágio de indiferenciação e começa agora a se diferenciar novamente, para ajudar a formar o olho do organismo. Tudo se passa como se, por trás da gênese orgânica, houvesse "algo" que orientasse sua formação.
É a este algo que o fisiologista francês Claude Bernard dá o nome de "idéia diretriz", Hans Driesch dá o nome de "intelékia" e o dr. Hernani Guimarães Andrade, parapsicólogo brasileiro, dá o nome de "modelo organizador biológico". O Espiritismo nos ensina que esse "algo" que organiza a matéria orgânica nada mais é que uma das propriedades do perispírito que se manifesta como a matriz orientadora do corpo físico.
O leitor poderá objetar que tal princípio está concentrado nos genes que estão inseridos nos cromossomos das células, como vem demonstrando tão bem a genética, ciência que estuda os fenômenos da hereditariedade. Sem dúvida, a genética tem elucidado muitas leis que regem a hereditariedade, mas está longe de conhecer e explicar todos os fenômenos da organogênese.
Dentre os muitos fatos que a genética ainda não consegue explicar, poderíamos citar como exemplo o curioso fato das moscas sem olhos. O dr. Hernani Guimarães Andrade relata em seu livro Psi Quântico que "realizando o cruzamento entre si, as moscas das frutas (Orosophila melanogaster) portadoras dos genes recessivos correspondentes ao caráter "mosca sem olhos" podem gerar o aparecimento de moscas sem olhos. Neste caso, a linhagem é pura com relação a este caráter, o que quer dizer que, de acordo com as leis da genética, as descendências deverão ser sempre moscas sem olhos. Entretanto, não é isto exatamente o que ocorre. Depois de um certo número de gerações por entrecruzamento de moscas cegas, surgirão novamente moscas com olhos normais" .
Diante de fenômenos como este, os geneticistas se perguntam: o que aconteceu ou o que interferiu nos genes para provocar tal mutação e corrigir o defeito da cegueira das moscas? Para tal pergunta, a genética não tem resposta. No entanto, se ela não responde, o Espiritismo o faz, quando nos afirma que toda a experiência da vida no planeta está registrada no perispírito e que, por isso mesmo, quando ocorre alguma anomalia no código genético da matéria, o espírito lança mão do arquivo mnemônico do perispírito para corrigi-Ia, provocando pequenas alterações nos genes no transcorrer das gerações, até que o defeito ou anomalia seja corrigido.
O Espiritismo não veio para desacreditar a genética ou qualquer outra ciência, mas veio para se associar a ela, a fim de permitir explicar numerosos fatos que a ciência por si só logra fazê-lo.
É bem conhecido o fato de que, no ser humano, todas as células físicas se desgastam e são substituídas, de sorte que, excetuando-se as células do sistema nervoso, todas as outras células são trocadas. No espaço de aproximadamente oito anos, todas as células do organismo foram substituídas, mas, no entanto, a criatura conserva seus traços fisionômicos. Esta "memória" que permite a recomposição celular sem perda dos sinais fisionômicos do indivíduo é mais uma das propriedades do perispírito.
O perispírito retrata nosso estado mental, pois, como foi mencionado na introdução, a matéria espiritual que está agregada ao corpo espiritual depende do grau de desenvolvimento moral e espiritual do espírito. Daí decorre que o que a pessoa é está estampado em sua fisionomia.
ALTERAÇÕES TRANSITÓRIAS DA FORMA
Uma das características da matéria espiritual é o fato dela ser muito dócil à ação plasmatizante do pensamento. Ela sofre a ação do pensamento e se modela de acordo com as sugestões do mesmo. Isto nos permite compreender uma série de fenômenos do plano espiritual. Um deles é o fato de que, estando o espírito condicionado que está doente, enfiridado ou aleijado, plasma em seu organismo, por mecanismos de auto-sugestões mentais, os sinais das moléstias que acredita possuir, enfiridando-se ou provocando aleijões. No entanto, basta se libertar dos condicionamentos para que o organismo espiritual volte a se apresentar totalmente saudável.
Estas sugestões podem também chegar ao espírito por via indireta, através de forte sugestão mental vinda de um outro espírito. André Luiz, espírito que nos escreve através da medi unidade psicográfica de Chico Xavier, conta em seu livro Libertação como uma mulher no plano espiritual, após sofrer fortes sugestões mentais hipnóticas de um outro espírito de que era uma loba, acabou por acatá-las, incorporando-as ao seu perispírito, cuja matéria espiritual se modelou de acordo com as sugestões.
Gradativamente, as expressões fisionômicas dessa senhora foram se modificando até tomar a forma de uma loba. Estes fenômenos de transformação fisionômica do espírito por sugestões hipnóticas é conhecido como "Iicantropia". No entanto, é preciso que se esclareça que esta é uma alteração provisória e não definitiva, pois quando cessam as sugestões hipnóticas, imediatamente o indivíduo recupera sua fisionomia humana. Portanto, não se trata de um retrocesso involutivo, o que nunca acontece, conforme nos esclarece a doutrina espírita.
A matéria espiritual se situa em um espaço diferente do nosso, possivelmente em um espaço de mais de três dimensões. Isto nos permite compreender o porquê do corpo espiritual ou perispírito poder atravessar nossa matéria sem impedimento. Um espírito pode atravessar nossas paredes e nossas portas mesmo que fechadas.
PERCEPÇÕES E SENSAÇÕES
No corpo físico, a percepção do mundo exterior é feita através dos órgãos dos sentidos. Exceto o fato que nos permite perceber o meio que nos cerca através de todo o nosso organismo, nós só podemos ouvir pelos nossos ouvidos, ver pelos olhos, degustar pelo paladar e sentir os odores pelo nosso olfato.
No entanto, no plano espiritual, pode-se perceber o mundo espiritual através de todo o perispírito, isto é, pode-se ver, sentir, ouvir, perceber odores e o gosto das substâncias por qualquer parte do perispírito e não somente pelos órgãos dos sentidos.
Alguns fatos paranormais estudados por nossos cientistas parecem apoiar estes conceitos. O dr. César
Lombroso, famoso metapsiquista italiano, teve, no transcorrer de sua vida, vários médiuns de renome à sua disposição e que lhe permitiram interessantes pesquisas e estudos.
Certa feita, trabalhou com sensitivas que apresentavam uma sensibilidade exacerbada quando em estado hipnótico. Estas sensitivas, quando em transe hipnótico, eram capazes de perceber odores e sons pelas mais variadas localizações de seu corpo. Eram, por exemplo, capazes de sentir odores pelos pés, ouvirem pelos joelhos etc.
Se formos explicar o fato pela teoria espírita, o que ocorre é que no indivíduo em transe hipnótico, o perispírito se expande e se exterioriza além dos limites corporais. Como a sensibilidade do perispírito é global, a capacidade de penetrar o meio externo pode acontecer em qualquer ponto do organismo. No entanto, quando o indivíduo sair do estado hipnótico, o perispírito se recolhe aos limites do corpo físico e a percepção exterior volta a ser feita apenas através dos sentidos físicos.
Outros fatos que também parecem cooperar para que se acredite na sensibilidade global do perispírito são as experiências conscientes de desdobramento. O sr. Monroe, de nacionalidade norte-americana, apresenta esta interessante característica de se desdobrar conscientemente. Muitas dessas experiências ele relata em seu livro Viagens Fora do Corpo.
Em uma dessas viagens, conta o sr. Monroe que andava por um determinado local quando, sem que virasse a cabeça, teve a sensação de ter visto um determinado objeto que estaria situado atrás dele. Ao voltar a cabeça para trás, constatou a presença do objeto. Em inúmeras outras experiências de desdobramento, percebeu que poderia ver sem os olhos, até tomar consciência de que, estando desdobrado e com sua consciência trabalhando em seu perispírito, poderia ter uma visão de 360 graus e não necessitaria dos olhos para ver. Ver pelos olhos era tão somente um condicionamento que adquirira com seu corpo físico.
Como já conhecemos, a matéria que compõe o perispírito dos espíritos depende do grau evolutivo do mesmo. Quanto mais evoluído, maior é a capacidade do espírito de atrair átomos mais sutis da matéria espiritual para formar seu perispírito. Esses átomos mais sutis são de pouca densidade e muitas vezes emitem luminosidade. Esta baixa densidade permite a esses espíritos sofrerem uma atração gravitacional muito pequena do planeta onde se encontram, o que lhes facilita a locomoção e permite a alguns deles a volitação, isto é, a capacidade de voar. A luminosidade irradiada pelos átomos espirituais permite que esses espíritos irradiem luz e até mesmo possam ser reconhecidos por seu espectro luminoso.
FENÔMENOS MEDIÚNICOS
Todos os fenômenos mediúnicos acontecem graças às propriedades do perispírito. Portanto, no perispírito se encontra a chave para o conhecimento desses fenômenos.
Para que aconteça o fenômeno mediúnico, é preciso que o perispírito se expanda e se exteriorize para além do corpo físico. É o que Kardec chama de "exteriorização do perispírito". Assim expandido, o perispírito passa a exibir suas propriedades, apercebendo-se do meio espiritual que o cerca. Se essa percepção não impressionar nenhuma área específica do cérebro, o indivíduo tem uma percepção geral do plano espiritual, que lhe chega à consciência geralmente na forma de impressões emocionais, como de agrado ou desagrado. Quando estas impressões conseguem atingir determinadas áreas cerebrais, elas podem ser específicas e o indivíduo pode "ver" ou "ouvir" o mundo espiritual.
Os espíritos podem, por sua vontade (e isto também está na dependência de suas aquisições evolutivas), condensar as moléculas de seu perispírito até que as mesmas se aproximem das características das moléculas da matéria física, o que permite que sejam vistos pelos médiuns videntes.
A bicorporeidade é a visualização do espírito de um indivíduo encarnado. O indivíduo em desdobramento, isto é, com seu perispírito afastado de seu corpo físico, poderá também sofrer uma condensação de suas moléculas, que, se forem de grande intensidade, poderá impressionar até os olhos físicos de qualquer criatura, dando a impressão de que o indivíduo tem dois corpos, o que é vulgarmente conhecido como "homens duplos".
TRANSFIGURAÇÃO DO PERISPÍRITO
Na transfiguração, o médium em transe mediúnico sofre um apagamento de seus traços
fisionômicos e aparece a fisionomia da entidade comunicante.
O que parece ocorrer é que há uma exteriorização do perispírito do médium além dos limites de seu corpo físico. Por mecanismos de afinidades, ocorre uma sintonia do perispírito da entidade que deverá se comunicar, formando-se uma atmosfera psíquica perispiritual comum entre o médium e a entidade. Através desta atmosfera perispirítica comum, há uma simbiose de pensamentos, sentimentos e sensações de ambos. Em seguida, as moléculas do perispírito do médium sofrem uma condensação, formando uma névoa brumosa em torno do médium, escondendo seus traços fisionômicos. Por mecanismos telepáticos, o médium recebe as impressões fisionômicas da entidade comunicante e o próprio psiquismo do médium impressiona seu perispírito com os traços fisionômicos da entidade comunicante, dando a impressão de que a entidade entrou no corpo do médium. Este tipo de fenômeno é bastante raro.
Fenômeno ainda mais raro é quando o médium sofre uma transfiguração e, com seu perispírito exteriorizado e as moléculas do mesmo condensadas, permite que se veja seu estágio evolutivo estampado em seu perispírito. O caso mais inusitado de que se tem notícia é o fenômeno da transfiguração de Cristo no Monte Tabor.
Contam-nos os evangelistas que, certa feita, Cristo convidou três de seus discípulos (Pedro, João e Tiago) para orarem com ele numa alta montanha, que parece ser o Monte Tabor. Estando Cristo em oração, eis que o rosto deste resplandece como o sol, suas vestes ficam alvas como a luz e, como esta, surgiram Moisés e Elias a seu lado. E então Pedro disse: "Senhor, que bom é estarmos aqui, pois faremos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". Isto ele dizia porque não sabia o que dizer. Neste momento, uma nuvem os cobriu e uma voz, como um trovão, surgiu de dentro dela e disse: "Este é o meu filho amado, em quem me com prazo, ouvi-o"! Os três apóstolos se assustaram tanto que colaram seus rostos ao chão.
Neste caso, podemos entender a transfiguração de Cristo como a exteriorização de seu perispírito, seguida pela condensação das moléculas do mesmo, permitindo que os discípulos o pudessem ver em toda sua glória, isto é, em toda sua evolução.
O estudo do perispírito é muito apaixonante. No conhecimento de sua natureza e propriedades se encontra a chave que nos permite compreender uma gama enorme de fenômenos biológicos, psíquicos e paranormais.
O perispírito é um dos produtos mais importantes do Fluido Cósmico Universal. "É uma condensação deste fluido em torno de um foco inteligente ou alma". Tanto o corpo carnal como o perispírito são matéria e derivam do fluido cósmico, mas a matéria de ambos se encontra em diferentes condições vibratórias, como diria André Luiz.
Praticamente todas as civilizações humanas do passado falaram no perispírito. Os egípcios conheciam-no como o "KHA". Na índia, no Rig Veja, fala-se em "Iíngua-sharira", enquanto que no esoterismo judeu é o "nephesh". Paracelso o chamou de "corpo astral" ou "evestrum" e Paulo de Tarso o denominou como "corpo espiritual" ou "corpo incorruptível".
Formado dos fluidos espirituais de cada globo, o perispírito varia de acordo com o meio onde se encontra. Suas características dependem do nível moral e espiritual alcançado por cada individualidade, pois é esta moral idade e espiritualidade alcançada em numerosas experiências reencarnatórias que funcionará como um foco de atração para este ou aquele elemento (átomo) da matéria espiritual, de sorte que o perispírito retratará sempre o nível espiritual de cada criatura.
Portanto, o corpo espiritual ou perispírito tem uma forma para se constituir bem distinta do corpo físico. Enquanto que este é formado basicamente dos elementos carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio (constituintes básicos da matéria orgânica), os átomos espirituais que compõem o perispírito variam de acordo com sua evolução.
MATRIZ ESPIRITUAL DO CORPO
Kardec nos ensina que o perispírito, por meio de uma expansão do mesmo, une-se ao ser humano desde o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Daí para frente, orienta a divisão celular do mesmo, unindo-se ao corpo físico célula a célula, órgão a órgão, molécula a molécula, átomo a átomo. Esta união permanece por toda a vida física do indivíduo e só por ocasião da morte do corpo físico é que ocorre a desunião do perispírito, quando ele volta ao mundo espiritual, que é seu local de origem.
Orientando a divisão celular, o perispírito é, por isso mesmo, a matriz do corpo físico. Numerosos fenômenos podem ser explicados quando conseguimos perceber que a matriz do corpo físico se encontra fora do mesmo, embora agregado a ele. Um deles é o intrincado fenômeno da embriogênese.
É muito conhecido entre os embriologistas e curiosos o fato de que, quando nos estágios iniciais de formação do embrião, ao se colocar uma célula que, em seu lugar de origem, já estava sendo diferenciada para dar formação a uma estrutura do aparelho digestivo, por exemplo, em um local que deveria redundar no olho do organismo, esta célula que já estava se diferenciando regride para seu estágio de indiferenciação e começa agora a se diferenciar novamente, para ajudar a formar o olho do organismo. Tudo se passa como se, por trás da gênese orgânica, houvesse "algo" que orientasse sua formação.
É a este algo que o fisiologista francês Claude Bernard dá o nome de "idéia diretriz", Hans Driesch dá o nome de "intelékia" e o dr. Hernani Guimarães Andrade, parapsicólogo brasileiro, dá o nome de "modelo organizador biológico". O Espiritismo nos ensina que esse "algo" que organiza a matéria orgânica nada mais é que uma das propriedades do perispírito que se manifesta como a matriz orientadora do corpo físico.
O leitor poderá objetar que tal princípio está concentrado nos genes que estão inseridos nos cromossomos das células, como vem demonstrando tão bem a genética, ciência que estuda os fenômenos da hereditariedade. Sem dúvida, a genética tem elucidado muitas leis que regem a hereditariedade, mas está longe de conhecer e explicar todos os fenômenos da organogênese.
Dentre os muitos fatos que a genética ainda não consegue explicar, poderíamos citar como exemplo o curioso fato das moscas sem olhos. O dr. Hernani Guimarães Andrade relata em seu livro Psi Quântico que "realizando o cruzamento entre si, as moscas das frutas (Orosophila melanogaster) portadoras dos genes recessivos correspondentes ao caráter "mosca sem olhos" podem gerar o aparecimento de moscas sem olhos. Neste caso, a linhagem é pura com relação a este caráter, o que quer dizer que, de acordo com as leis da genética, as descendências deverão ser sempre moscas sem olhos. Entretanto, não é isto exatamente o que ocorre. Depois de um certo número de gerações por entrecruzamento de moscas cegas, surgirão novamente moscas com olhos normais" .
Diante de fenômenos como este, os geneticistas se perguntam: o que aconteceu ou o que interferiu nos genes para provocar tal mutação e corrigir o defeito da cegueira das moscas? Para tal pergunta, a genética não tem resposta. No entanto, se ela não responde, o Espiritismo o faz, quando nos afirma que toda a experiência da vida no planeta está registrada no perispírito e que, por isso mesmo, quando ocorre alguma anomalia no código genético da matéria, o espírito lança mão do arquivo mnemônico do perispírito para corrigi-Ia, provocando pequenas alterações nos genes no transcorrer das gerações, até que o defeito ou anomalia seja corrigido.
O Espiritismo não veio para desacreditar a genética ou qualquer outra ciência, mas veio para se associar a ela, a fim de permitir explicar numerosos fatos que a ciência por si só logra fazê-lo.
É bem conhecido o fato de que, no ser humano, todas as células físicas se desgastam e são substituídas, de sorte que, excetuando-se as células do sistema nervoso, todas as outras células são trocadas. No espaço de aproximadamente oito anos, todas as células do organismo foram substituídas, mas, no entanto, a criatura conserva seus traços fisionômicos. Esta "memória" que permite a recomposição celular sem perda dos sinais fisionômicos do indivíduo é mais uma das propriedades do perispírito.
O perispírito retrata nosso estado mental, pois, como foi mencionado na introdução, a matéria espiritual que está agregada ao corpo espiritual depende do grau de desenvolvimento moral e espiritual do espírito. Daí decorre que o que a pessoa é está estampado em sua fisionomia.
ALTERAÇÕES TRANSITÓRIAS DA FORMA
Uma das características da matéria espiritual é o fato dela ser muito dócil à ação plasmatizante do pensamento. Ela sofre a ação do pensamento e se modela de acordo com as sugestões do mesmo. Isto nos permite compreender uma série de fenômenos do plano espiritual. Um deles é o fato de que, estando o espírito condicionado que está doente, enfiridado ou aleijado, plasma em seu organismo, por mecanismos de auto-sugestões mentais, os sinais das moléstias que acredita possuir, enfiridando-se ou provocando aleijões. No entanto, basta se libertar dos condicionamentos para que o organismo espiritual volte a se apresentar totalmente saudável.
Estas sugestões podem também chegar ao espírito por via indireta, através de forte sugestão mental vinda de um outro espírito. André Luiz, espírito que nos escreve através da medi unidade psicográfica de Chico Xavier, conta em seu livro Libertação como uma mulher no plano espiritual, após sofrer fortes sugestões mentais hipnóticas de um outro espírito de que era uma loba, acabou por acatá-las, incorporando-as ao seu perispírito, cuja matéria espiritual se modelou de acordo com as sugestões.
Gradativamente, as expressões fisionômicas dessa senhora foram se modificando até tomar a forma de uma loba. Estes fenômenos de transformação fisionômica do espírito por sugestões hipnóticas é conhecido como "Iicantropia". No entanto, é preciso que se esclareça que esta é uma alteração provisória e não definitiva, pois quando cessam as sugestões hipnóticas, imediatamente o indivíduo recupera sua fisionomia humana. Portanto, não se trata de um retrocesso involutivo, o que nunca acontece, conforme nos esclarece a doutrina espírita.
A matéria espiritual se situa em um espaço diferente do nosso, possivelmente em um espaço de mais de três dimensões. Isto nos permite compreender o porquê do corpo espiritual ou perispírito poder atravessar nossa matéria sem impedimento. Um espírito pode atravessar nossas paredes e nossas portas mesmo que fechadas.
PERCEPÇÕES E SENSAÇÕES
No corpo físico, a percepção do mundo exterior é feita através dos órgãos dos sentidos. Exceto o fato que nos permite perceber o meio que nos cerca através de todo o nosso organismo, nós só podemos ouvir pelos nossos ouvidos, ver pelos olhos, degustar pelo paladar e sentir os odores pelo nosso olfato.
No entanto, no plano espiritual, pode-se perceber o mundo espiritual através de todo o perispírito, isto é, pode-se ver, sentir, ouvir, perceber odores e o gosto das substâncias por qualquer parte do perispírito e não somente pelos órgãos dos sentidos.
Alguns fatos paranormais estudados por nossos cientistas parecem apoiar estes conceitos. O dr. César
Lombroso, famoso metapsiquista italiano, teve, no transcorrer de sua vida, vários médiuns de renome à sua disposição e que lhe permitiram interessantes pesquisas e estudos.
Certa feita, trabalhou com sensitivas que apresentavam uma sensibilidade exacerbada quando em estado hipnótico. Estas sensitivas, quando em transe hipnótico, eram capazes de perceber odores e sons pelas mais variadas localizações de seu corpo. Eram, por exemplo, capazes de sentir odores pelos pés, ouvirem pelos joelhos etc.
Se formos explicar o fato pela teoria espírita, o que ocorre é que no indivíduo em transe hipnótico, o perispírito se expande e se exterioriza além dos limites corporais. Como a sensibilidade do perispírito é global, a capacidade de penetrar o meio externo pode acontecer em qualquer ponto do organismo. No entanto, quando o indivíduo sair do estado hipnótico, o perispírito se recolhe aos limites do corpo físico e a percepção exterior volta a ser feita apenas através dos sentidos físicos.
Outros fatos que também parecem cooperar para que se acredite na sensibilidade global do perispírito são as experiências conscientes de desdobramento. O sr. Monroe, de nacionalidade norte-americana, apresenta esta interessante característica de se desdobrar conscientemente. Muitas dessas experiências ele relata em seu livro Viagens Fora do Corpo.
Em uma dessas viagens, conta o sr. Monroe que andava por um determinado local quando, sem que virasse a cabeça, teve a sensação de ter visto um determinado objeto que estaria situado atrás dele. Ao voltar a cabeça para trás, constatou a presença do objeto. Em inúmeras outras experiências de desdobramento, percebeu que poderia ver sem os olhos, até tomar consciência de que, estando desdobrado e com sua consciência trabalhando em seu perispírito, poderia ter uma visão de 360 graus e não necessitaria dos olhos para ver. Ver pelos olhos era tão somente um condicionamento que adquirira com seu corpo físico.
Como já conhecemos, a matéria que compõe o perispírito dos espíritos depende do grau evolutivo do mesmo. Quanto mais evoluído, maior é a capacidade do espírito de atrair átomos mais sutis da matéria espiritual para formar seu perispírito. Esses átomos mais sutis são de pouca densidade e muitas vezes emitem luminosidade. Esta baixa densidade permite a esses espíritos sofrerem uma atração gravitacional muito pequena do planeta onde se encontram, o que lhes facilita a locomoção e permite a alguns deles a volitação, isto é, a capacidade de voar. A luminosidade irradiada pelos átomos espirituais permite que esses espíritos irradiem luz e até mesmo possam ser reconhecidos por seu espectro luminoso.
FENÔMENOS MEDIÚNICOS
Todos os fenômenos mediúnicos acontecem graças às propriedades do perispírito. Portanto, no perispírito se encontra a chave para o conhecimento desses fenômenos.
Para que aconteça o fenômeno mediúnico, é preciso que o perispírito se expanda e se exteriorize para além do corpo físico. É o que Kardec chama de "exteriorização do perispírito". Assim expandido, o perispírito passa a exibir suas propriedades, apercebendo-se do meio espiritual que o cerca. Se essa percepção não impressionar nenhuma área específica do cérebro, o indivíduo tem uma percepção geral do plano espiritual, que lhe chega à consciência geralmente na forma de impressões emocionais, como de agrado ou desagrado. Quando estas impressões conseguem atingir determinadas áreas cerebrais, elas podem ser específicas e o indivíduo pode "ver" ou "ouvir" o mundo espiritual.
Os espíritos podem, por sua vontade (e isto também está na dependência de suas aquisições evolutivas), condensar as moléculas de seu perispírito até que as mesmas se aproximem das características das moléculas da matéria física, o que permite que sejam vistos pelos médiuns videntes.
A bicorporeidade é a visualização do espírito de um indivíduo encarnado. O indivíduo em desdobramento, isto é, com seu perispírito afastado de seu corpo físico, poderá também sofrer uma condensação de suas moléculas, que, se forem de grande intensidade, poderá impressionar até os olhos físicos de qualquer criatura, dando a impressão de que o indivíduo tem dois corpos, o que é vulgarmente conhecido como "homens duplos".
TRANSFIGURAÇÃO DO PERISPÍRITO
Na transfiguração, o médium em transe mediúnico sofre um apagamento de seus traços
fisionômicos e aparece a fisionomia da entidade comunicante.
O que parece ocorrer é que há uma exteriorização do perispírito do médium além dos limites de seu corpo físico. Por mecanismos de afinidades, ocorre uma sintonia do perispírito da entidade que deverá se comunicar, formando-se uma atmosfera psíquica perispiritual comum entre o médium e a entidade. Através desta atmosfera perispirítica comum, há uma simbiose de pensamentos, sentimentos e sensações de ambos. Em seguida, as moléculas do perispírito do médium sofrem uma condensação, formando uma névoa brumosa em torno do médium, escondendo seus traços fisionômicos. Por mecanismos telepáticos, o médium recebe as impressões fisionômicas da entidade comunicante e o próprio psiquismo do médium impressiona seu perispírito com os traços fisionômicos da entidade comunicante, dando a impressão de que a entidade entrou no corpo do médium. Este tipo de fenômeno é bastante raro.
Fenômeno ainda mais raro é quando o médium sofre uma transfiguração e, com seu perispírito exteriorizado e as moléculas do mesmo condensadas, permite que se veja seu estágio evolutivo estampado em seu perispírito. O caso mais inusitado de que se tem notícia é o fenômeno da transfiguração de Cristo no Monte Tabor.
Contam-nos os evangelistas que, certa feita, Cristo convidou três de seus discípulos (Pedro, João e Tiago) para orarem com ele numa alta montanha, que parece ser o Monte Tabor. Estando Cristo em oração, eis que o rosto deste resplandece como o sol, suas vestes ficam alvas como a luz e, como esta, surgiram Moisés e Elias a seu lado. E então Pedro disse: "Senhor, que bom é estarmos aqui, pois faremos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". Isto ele dizia porque não sabia o que dizer. Neste momento, uma nuvem os cobriu e uma voz, como um trovão, surgiu de dentro dela e disse: "Este é o meu filho amado, em quem me com prazo, ouvi-o"! Os três apóstolos se assustaram tanto que colaram seus rostos ao chão.
Neste caso, podemos entender a transfiguração de Cristo como a exteriorização de seu perispírito, seguida pela condensação das moléculas do mesmo, permitindo que os discípulos o pudessem ver em toda sua glória, isto é, em toda sua evolução.
O estudo do perispírito é muito apaixonante. No conhecimento de sua natureza e propriedades se encontra a chave que nos permite compreender uma gama enorme de fenômenos biológicos, psíquicos e paranormais.