PARAMAHANSA YOGANANDA - UM MESTRE NA VIDA E NA MORTE
Paramahansa Yogananda, considerado uma das mais importantes figuras espirituais de nosso tempo, é saudado por muitos como "o pai do ioga" no Ocidente. Viajando para os Estados Unidos em 1920, por ceais de trinta anos ele ensinou a milenar arte da meditação e os princípios fundamentais para qualquer um obter contato direto cote o Criador.
Helcio de Carvalho
Helcio de Carvalho
Nascido em 5 de janeiro de 1893 na cidade de Gorakpur, nordeste da índia, com o nome de Mukunda Lal Gosh, Paramahansa Yogananda teve sua missão no mundo profetizada pelo grande iluminado, Mahavatar Babaji, e seu principal discípulo, Lahiri Mahasaya. Mahasaya, ao ver o pequeno Mukunda pela primeira vez, disse a sua mãe, "Teu filho será um grande Togue. Tal qual uma locomotiva espiritual, ele conduzirá muitas almas ao reino de Deus".
Desde pequeno, apesar de parecer uma criança comum, Mukunda tinha muitas lembranças de existências passadas, no Himalaia, quando vivia junto de iluminados que renunciaram ao mundo para se dedicar unicamente ao Criador. Como passar dos anos, já um adolescente, o jovem esteve com Mahasaya e ouviu do sábio uma espécie de profecia, indicando que ele faria uma viagem para a América com o propósito de divulgar a antiga ciência do Kriya Ioga ao Ocidente.
Aguardando esse dia com ansiedade, Mukunda passou a viver em função de encontrar seu próprio mentor espiritual. Ainda bem jovem, por várias vezes ele abandonou a casa dos pais para visitar santos em cidades distantes, desejando ser iniciado e experimentar a bem-aventurança da comunhão com Deus. Suas viagens o levaram a vários iluminados, que sempre lhe diziam para aguardar o momento certo, quando seu guru, apontado por Deus, surgiria para guiá-lo. Mas as várias tentativas de fuga começaram a preocupar o irmão mais velho e o pai, pois ambos tinham medo de que ele abandonasse o mundo e a possibilidade de uma carreira próspera para se tornar um mendicante.
A morte da mãe, comunicada a ele por uma aparição mística, fez brotar novas perspectivas sobre seu caminho espiritual, e a dor da perda abriu seu coração para o amor da Mãe Divina, que lhe fez entender a doçura de Deus sob o aspecto feminino.
Durante mais de uma década, Yogananda viajou e discursou de modo incansável, falando em auditórios superlotados nas maiores cidades do país - desde o Carnegie Hall, em Nova York, até o Los Angeles Philharmonic.
Sri Yukteswar
Em 1917, durante uma de suas fugas para o eremitério Mahamandal, em Benares - sua primeira tentativa de ingressar numa rígida ordem monástica, Mukunda finalmente chegou aos pés do mestre que tanto esperava. O encontro dos dois está assim descrito no clássico Autobiografia de um Togue, escrito pelo próprio Yogananda: "Enquanto Habu (um sacerdote) e eu prosseguíamos, voltei a cabeça para uma viela estreita e insignificante. Um homem que se assemelhava a Cristo, com a veste de cor ocre dos swamis, permanecia imóvel no fim da viela. Pareceu-me instantaneamente, e há muito tempo, familiar. `Você está confundido esse monge errante com alguém conhecido´, pensei. ‘Sonhador, continue seu caminho’.
Dez minutos depois, senti em meus pés uma dormência pesada. Laboriosamente, dei meia volta; meus pés reconquistaram a normalidade. Voltei-me na direção oposta; de novo, o curioso peso me oprimiu. ‘O santo está me atraindo magneticamente!’.
Mukunda deixou o sacerdote, retornou à viela e viu de novo a tranqüila figura, que olhava em sua direção. Ele continua a narrativa: "Os olhos de alcíone, numa cabeça leonina com barba em ponta e mechas de cabelo flutuante, haviam freqüentemente assomado na escuridão de meus devaneios noturnos. ‘Você que é meu, você veio a mim!’, meu guru pronunciou estas palavras, repetidas vezes, em bengali, com a voz trêmula de alegria. ‘Quantos anos esperei por você!’
Era Swami Sri Yukteswar. Mestre e discípulo manifestaram profundo amor e reconhecimento mútuo, sentindo que a vida reaproximava suas almas há muito separadas. A ansiedade de Mukunda chegara ao fim - após longos anos de procura, ele finalmente encontrou abrigo nas bênçãos de seu Mestre.
O eremitério principal do swami ficava em Serampore, a 20 quilômetros de Calcutá. Lá, Mukunda viveu por cerca de dez anos, mas sem abandonar seus estudos, enquanto o mestre lapidava sua alma e o treinava para o trabalho que deveria realizar. Sri Yukteswar sempre fora muito rígido com os que buscavam seu treinamento, tanto que só iniciou seu discípulo na Ordem Monástica dos Swamis depois de comprovar a determinação do jovem. Isso aconteceu em julho de 1914, excepcionalmente sem cerimônias. Mukunda teve o privilégio de escolher seu nome religioso, passando a chamar-se Yogarianda, que significa beatitude através da união com Deus. Em junho desse mesmo ano, Yogarianda diplomou-se na Universidade de Calcutá como bacharel em artes.
Missão Divina
Yogananda deu início à missão de sua vida fundando uma escola para meninos, em 1917, na qual modernos métodos educacionais eram combinados a treinamentos em ioga e instruções sobre os princípios básicos para se viver uma vida feliz e em comunhão com o espírito. Visitando a escola alguns anos depois, Mahatman Ghandi escreveu: "Esta instituição me impressionou profundamente".
Em 1920, o ainda jovem swami recebeu um convite para viajar ao Ocidente e, como delegado da índia, participar de um congresso internacional de líderes religiosos, em Boston, EUA. Inseguro porque não falava bem o inglês, Yogananda perguntou a Sri Yukteswar se deveria ir. "Todas as portas estão abertas para você", o mestre respondeu. "É agora ou nunca!" Chegando à América, seu discurso no congresso, cujo tema era A Ciência da Religião, foi recebido com tanto entusiasmo que ele foi convidado a dar uma série de outras palestras em diversas cidades americanas. Alguns meses depois, Yogarianda fundou uma organização que chamou de Self-Realization Fellowship (Fraternidade da Auto-Realização), destinada a disseminar os ensinamentos e filosofia do ioga para o mundo.
Dando seqüência à tarefa de aproximar o homem de Deus através da meditação, o jovem yogue passou os quatro anos seguintes discursando e ensinando na costa leste dos Estados Unidos e, em 1924, embarcou em uma viagem transcontinental, que o levou até o Alasca, para divulgar sua mensagem. Ele estabeleceu uma sede central da SelfRea-lization Fellowship em Los Angeles, a qual se tornou o coração espiritual e administrativo de seu trabalho.
Durante mais de uma década, Yogananda viajou e discursou de modo incansável, falando em auditórios superlotados nas maiores cidades do país - desde o Carnegie Hall, em Nova York, até o Los Angeles Philharmonic. O jornal Los Angeles Times deu a seguinte notícia: "O Philharmonic Auditorium apresenta o extraordinário espetáculo de milhares de pessoas... que não encontraram lugar uma hora antes do início da palestra, cuja platéia superlotou os três mil assentos do teatro".
Yogananda enfatizava a unidade por trás de todas as grandes religiões do mundo, e ensinava métodos práticos para se obter uma experiência direta e pessoal com o Criador. Os que buscavam um maior aprofundamento em sua mensagem eram iniciados nas técnicas do Kriya Ioga, uma ciência espiritual, desenvolvida na índia há milênios, revivida nos tempos modernos pela linhagem de mestres iluminados à qual o swami pertencia.
Entre seus seguidores figuravam muitos nomes importantes no campo da ciência, negócios e artes, inclusive o horticulturista Luther Burbank, a soprano de ópera Amelita Galli-Curci, George Eastman (inventor da câmera Kodak), o poeta Edwin Markham e o maestro Leopold Stokowski. Em 1927, Yogananda foi oficialmente recebido na Casa Branca pelo Presidente Calvin Coolidge, que se havia interessado muito por suas atividades narradas pela maioria dos jornais americanos.
Volta à Terra Natal
Em 1935, Yogananda partiu em uma viagem de dezoito meses pela Europa e Índia. Na Alemanha, ele teve a oportunidade de se encontrar com a estigmatizada católica Teresa Neumann, que tinha no corpo as chagas de Jesus e, todas as sextas-feiras, revivia a Paixão de Cristo, sofrendo no próprio corpo as agonias do nazareno. Em sua terra natal, ele falou para milhares de pessoas em inúmeras cidades e teve um encontro com Mahatma Gandhi (que pediu para ser iniciado no Kriya Ioga), com o Nobel de Física, Sir C. V. Raman, e com algumas das figuras espirituais mais renomadas do país, como Sri Ramana Maharshi e Anandamoyi Ma. Foi nesse mesmo ano que seu guru lhe conferiu o mais elevado título espiritual da índia: Paramhansa (literalmente Supremo Cisne). O cisne é um símbolo de discriminação espiri- ual, e Paramhansa significa "aquele que manifesta o estado maior de comunhão ininterrupta com Deus".
O memorável reencontro com Sri Yukteswar, após tantos anos, foi relatado por C. Richard Wright, secretário que acompanhou Yogananda durante a viagem: "Com séria humildade entrei atrás de Yogananda no pátio, dentro dos muros do eremitério. Nossos corações batendo aceleradamente, subimos alguns gastos degraus de cimento, pisados, sem dúvida, por inúmeros buscadores da Verdade. À nossa frente, no alto da escada, apareceu silenciosamente o Grande Ser, Swami Sri Yukteswarji, de pé, com a postura nobre do sábio. Meu coração arfou e encheu o peito, pela bênção de estar nesta sublime presença. Lágrimas toldaram meu olhar ansioso, quando Yoganandaji caiu de joelhos e ofertou, com uma inclinação de cabeça, as saudações e o agradecimento de sua alma, tocando com a mão os pés do guru e, a seguir, em humilde obediência, a própria testa. Então se levantou e foi abraçado, dos dois lados do peito, por Sri Yukteswarji. Nenhuma palavra foi dita no início, mas um sentimento intenso era expresso nas mudas frases da alma. Como os olhos deles resplandeciam no calor do encontro! Uma vibração de ternura espalhou-se pelo silencioso pátio e o sol repentinamente se esquivou das nuvens para acrescentar um fulgor de glória".
Intocado pela Morte
Quando retornou da índia aos EUA, Paramhansa Yogananda começou a retirar-se das atividades no mundo e diminuir suas turnês para se dedicar aos escritos que levariam sua mensagem à posteridade. A história de sua vida, relatada no livro Autobiografia de um Yogue, foi publicada em 1946 e, desde então, tornou-se um verdadeiro clássico do espiritualismo moderno, indicado como material de estudo em inúmeras universidades. Um best-seller perene, o livro jamais teve sua publicação interrompida desde a primeira edição, e foi traduzido para dezoito idiomas em todo o mundo.
A missão conferida a Yogananda por seus Mestres foi cumprida à risca e com perfeição, inclusive na hora da sua derradeira partida, quando ele demonstrou o poder do ioga sobre a morte numa ação milagrosa, equiparada a dos maiores santos que já visitaram a Terra.
No dia 7 de março de 1952, convidado de honra em um banquete em homenagem ao embaixador da índia, Binay R. Sen, em Los Angeles, Yogananda proferiu um inspirado discurso, relatando fatos pitorescos de sua vinda aos Estados Unidos. Em seguida, recitando o poema Minha Índia, o mestre ergueu os olhos para o ponto entre as sobrancelhas e abandonou o corpo, entrando em mahasamádhi - a última vez em que um iluminado deixa sua forma física conscientemente.
Seu corpo ficou sendo velado em um retiro espiritual durante quase um mês, aguardando a chegada de devotos indianos. Em seu rosto podia ser visto um leve sorriso.
Vinte dias depois do desprendimento físico, seu corpo continuava sem qualquer indíciode decomposição. Sua face permaneciainalterada, exalando "o divino esplendor da incorruptibilidade".
O diretor do Cemitério de Forest Lawn, Harry T. Rowe, enviou à Self-Realization Fellowship uma carta autenticada, expressando sua admiração pelo estado do Mestre, um caso absolutamente singular em toda a sua experiência: "Nenhum odor de decomposição emanou de seu corpo em qualquer tempo. A aparência física de Yogananda em 27 de março, pouco antes de colocar-se a tampa de bronze no ataúde, era a mesma de 7 de março. Ele parecia, em 27 de março, tão cheio de frescor e intocado pela corrupção como na noite da sua morte. Em 27 de março não havia, em absoluto, motivo para se afirmar que seu corpo sofrera qualquer desintegração física visível. Por essas razões, declaramos novamente que o caso de Paramhansa Yogananda é único em nossa experiência".
Em 1977, no vigésimo-quinto aniversário de mahasamadhi de Yogananda, o governo indiano emitiu um selo comemorativo em sua honra. Junto com o selo, o governo publicou um folheto, no qual havia o seguinte trecho: "Os ideais de amor a Deus e de serviço à humanidade manifestaram-se plenamente na vida de ParamhansaYogananda (...) Embora tenha passado fora da Índia a maior parte de sua vida, seu lugar é entre os nossos grandes santos. Sua obra continua a crescer e a luzir cada vez mais, sempre com maior brilho, levando pessoas de todos os recantos para o caminho da peregrinação em busco do Espírito".
A Ciência do Kriya Yoga
Desenvolvida há milhares de anos pelos antigos rishis (antigos sábios da Índia),o Kriya Ioga se perdeu durante eras, até que Mahavatar Babaji a recuperou e transmitiu a seu discípulo, Lahiri Mahasaya, que a reintroduziu no mundo moderno por intermédio de Sri. Yekteswar e Yogananda.
A técnica do Kriya Ioga só pode ser revelada durante uma iniciação, mas em linhas gerais, consiste em dirigir mentalmente a energia vital, ou prana, em torno dos seis centros situados na coluna vertebral (os chakras).
Segundo Paramhansa Yogananda, "meio minuto de revolução da energia ao redor da sensível medula espinhal efetua progressos sutis na evolução do homem. O meio minuto de Kriya Ioga equivale a um ano de desenvolvimento espiritual natural (...) O principiante em Krya Ioga pratica esta técnica iogue apenas de quatorze a vinte e quatro vezes, duas vezes ao dia (...) O corpo do homem comum é como uma lâmpada de 50 watts, que não pode suportar o bilhão de watts de energia, gerados por uma prática excessiva de Kryia. Através do aumento regular e gradual dos exercícios simples e perfeitamente seguros do Kryia, o corpo humano transforma-se astralmente, dia a dia, e, por fim, está preparado para expressar o infinito potencial de energia cósmica que constitui a primeira expressão materialmente ativa do espírito (...) Desamarrando a corda da respiração que liga a alma ao corpo, o Kryia serve para prolongar a vida e expandir a consciência ao infinito. A técnica iogue vence o cabo de guerra entre a mente e os sentidos enredados na matéria, libertando o devoto para que herde outra vez o reino eterno (...) Mestre do seu corpo e de sua mente, o Kryia iogue finalmente vence o ´último inimigo´, a Morte".
Shamadhi
Trechos de um poema de Yogananda descrevendo o supremo estado de consciência que pode ser atingido por intermédio da meditação.
Levantados os véus de luz e sombra,
Evaporada toda a bruta da incerteza,
Singrando para longe todo o amanhecer de alegria transitória,
Desvanecida a turva miragem dos sentidos.
Tu és Eu, Eu sou Tu,
o Conhecer, o conhecedor, o Conhecido, unificados!
Palpitação tranqüila, ininterrupta, paz sempre nova, eternamente viva.
Deleite transcendente a todas as expectativas da imaginação, beatitude do samadhi!
Om sopra sobre as vapores, descortinando prodígios mais além,
Oceanos desdobram-se revelados, elétrons cintilantes, até que, ao último som do tambor cósmico(*),
Transfundem-se as luzes mais densas em ralos eternos
De bem-aventurança, que em tudo se infiltra.
Imaculado é meu céu mental - abaixo, à frente e bem acima,
Eternidade e Eu, um só raio unido.
Pequenina bolha de riso, eu
Me converti no próprio Mar da Alegria.
(*) Om: vibração criadora que deu origem e mantém toda a criação.
Paramahansa Haribarananda
O último discípulo vivo de Swami Sri Yukteswar
Com mais de 90 anos de idade e demonstrando uma vitalidade invejável, Paramahansa Hariharananda também foi treinado por Swami Sri Yukteswar. Iniciado em Kriya Ioga por Yogananda, até hoje ele continua difundindo essas técnicas milenares ao redor do mundo. Hariharananda falou à Sexto Sentido em entrevista exclusiva.
Quando o senhor começou como aprendiz de Swami Sri Yukteswar? Por favor, diga-nos lguma coisa sobre o grande mestre.
Encontrar o Mestre foi o momento mais memorável na vida deste discípulo. Aconteceu no ano de 1932, quando eu tinha 25 anos. Em sua vida estrita e disciplinada, encontrei um Mestre amável e preocupado, que transformou minha vida na de um verdadeiro buscador.
O senhor se encontrou pessoalmente como Paramahansa Yogananda?
Sim. Foi no ano de 1935-36, durante sua visita à Índia, na casa de seus pais. Depois de conhecê-lo, ele me ensinou o segundo estágio na prática do Kriya.
O senhor tem alguma ligação com a Self-Realization Fellowship (organização fundada por Yogananda)? Já se encontrou como Sri Daya Mata, atual presidente da organização?
Eu me encontrei com Daya Mata várias vezes. Na época, ela era Irmã Daya e estava visitando a índia, no final dos anos 50.
Yogananda, antes de sua morte, disse que seria o último na linha de gurus do Kriya Ioga que se originou com Mahavatar Babaji. Como o senhor se enquadra nisso?
Há muitos mestres na linhagem de Babaji e Lahiri Mahasaya, e Yogananda é um deles. Mas a linhagem de Mestres propriamente dita continua indefinidamente.
Yogananda pedia que um aluno aprendesse duas técnicas preparatórias e exercícios de energização, que preparariam o corpo para a técnica do Kriya. Que preparativos são necessários para ser iniciado pelo senhor?
Apenas um desejo profundo de aprender e praticar é necessário. Nós ensinamos como Lahiri Mahasaya e Sri Yukteshwar ensinavam os alunos.
Quantas Kriyas existem? Quanto tempo um aluno deve esperar para receber todos eles?
Existem seis Kriyas. Tudo depende da sinceridade do aluno.
O senhor conhece Sai Baba, que alguns dizem ser o "avatar vivo" desta era? O que pode nos dizer sobre ele?
Sai Baba é um ser divino. Não tenho mais nada a dizer.
Como uma alma é criada?
A alma não tem princípio.
Como é viver constantemente em nirbikalpa samadhi, o estado interior no qual não existe a respiração?
Esse é um estado de perfeita bem-aventurança, além de qualquer expressão.
Em seu entendimento, por que Deus criou o Universo? Por que tivemos que ir do mineral para o vegetal para o animal e para o humano, em vez de ter nascido divinos e capazes de desfrutar de consciência total e união com Deus desde o princípio?
Deus criou o Universo para a bem-aventurança. É um jogo cósmico.
Qual é a sensação de entrar em samadhi? Sua mente fica submersa na Luz Interior para sempre?
Samadhi é um estado de silêncio absoluto, imerso em luz e som.
O senhor já se encontrou com Sri Yukteswars e outros gurus em anos recentes? Está em contato constante com eles?
Sim.
Mahavatar Babaji continua vivo em um corpo humano físico?
Ele está vivo, mas em seu corpo divino.
Paramahansa Yogananda não permitia que seus discípulos o adorassem. Como senhor vê a adoração a um guru? Isso não é uma armadilha em que o devoto pode cair para escapar de suas responsabilidades como ser humano?
Devoção a um guru é uma expressão de amor e gratidão ao mestre.
Que mensagem o senhor gostaria de deixar para nossos leitores, a maioria sinceros buscadores da Verdade?
Sejam bons. Meditem. Transformem o trabalho em adoração. Sejam calmamente ativos e ativamente calmos. Não desperdicem seu tempo com ninguém, exceto Deus, e assim o tempo não será desperdiçado. Um grama de prática vale mais do que toneladas de teorias.
"Encontrar o Mestre foi o momento mais memorável ria vida deste discípulo. Aconteceu no ano de 1932, quando eu tinha 25 anos. Em sua vida estrita e disciplinada, encontrei um Mestre amável e preocupado, que transformou minha vida na de um verdadeiro buscador".
Revista Sexto Sentido
Número 36
Páginas 22-28
Desde pequeno, apesar de parecer uma criança comum, Mukunda tinha muitas lembranças de existências passadas, no Himalaia, quando vivia junto de iluminados que renunciaram ao mundo para se dedicar unicamente ao Criador. Como passar dos anos, já um adolescente, o jovem esteve com Mahasaya e ouviu do sábio uma espécie de profecia, indicando que ele faria uma viagem para a América com o propósito de divulgar a antiga ciência do Kriya Ioga ao Ocidente.
Aguardando esse dia com ansiedade, Mukunda passou a viver em função de encontrar seu próprio mentor espiritual. Ainda bem jovem, por várias vezes ele abandonou a casa dos pais para visitar santos em cidades distantes, desejando ser iniciado e experimentar a bem-aventurança da comunhão com Deus. Suas viagens o levaram a vários iluminados, que sempre lhe diziam para aguardar o momento certo, quando seu guru, apontado por Deus, surgiria para guiá-lo. Mas as várias tentativas de fuga começaram a preocupar o irmão mais velho e o pai, pois ambos tinham medo de que ele abandonasse o mundo e a possibilidade de uma carreira próspera para se tornar um mendicante.
A morte da mãe, comunicada a ele por uma aparição mística, fez brotar novas perspectivas sobre seu caminho espiritual, e a dor da perda abriu seu coração para o amor da Mãe Divina, que lhe fez entender a doçura de Deus sob o aspecto feminino.
Durante mais de uma década, Yogananda viajou e discursou de modo incansável, falando em auditórios superlotados nas maiores cidades do país - desde o Carnegie Hall, em Nova York, até o Los Angeles Philharmonic.
Sri Yukteswar
Em 1917, durante uma de suas fugas para o eremitério Mahamandal, em Benares - sua primeira tentativa de ingressar numa rígida ordem monástica, Mukunda finalmente chegou aos pés do mestre que tanto esperava. O encontro dos dois está assim descrito no clássico Autobiografia de um Togue, escrito pelo próprio Yogananda: "Enquanto Habu (um sacerdote) e eu prosseguíamos, voltei a cabeça para uma viela estreita e insignificante. Um homem que se assemelhava a Cristo, com a veste de cor ocre dos swamis, permanecia imóvel no fim da viela. Pareceu-me instantaneamente, e há muito tempo, familiar. `Você está confundido esse monge errante com alguém conhecido´, pensei. ‘Sonhador, continue seu caminho’.
Dez minutos depois, senti em meus pés uma dormência pesada. Laboriosamente, dei meia volta; meus pés reconquistaram a normalidade. Voltei-me na direção oposta; de novo, o curioso peso me oprimiu. ‘O santo está me atraindo magneticamente!’.
Mukunda deixou o sacerdote, retornou à viela e viu de novo a tranqüila figura, que olhava em sua direção. Ele continua a narrativa: "Os olhos de alcíone, numa cabeça leonina com barba em ponta e mechas de cabelo flutuante, haviam freqüentemente assomado na escuridão de meus devaneios noturnos. ‘Você que é meu, você veio a mim!’, meu guru pronunciou estas palavras, repetidas vezes, em bengali, com a voz trêmula de alegria. ‘Quantos anos esperei por você!’
Era Swami Sri Yukteswar. Mestre e discípulo manifestaram profundo amor e reconhecimento mútuo, sentindo que a vida reaproximava suas almas há muito separadas. A ansiedade de Mukunda chegara ao fim - após longos anos de procura, ele finalmente encontrou abrigo nas bênçãos de seu Mestre.
O eremitério principal do swami ficava em Serampore, a 20 quilômetros de Calcutá. Lá, Mukunda viveu por cerca de dez anos, mas sem abandonar seus estudos, enquanto o mestre lapidava sua alma e o treinava para o trabalho que deveria realizar. Sri Yukteswar sempre fora muito rígido com os que buscavam seu treinamento, tanto que só iniciou seu discípulo na Ordem Monástica dos Swamis depois de comprovar a determinação do jovem. Isso aconteceu em julho de 1914, excepcionalmente sem cerimônias. Mukunda teve o privilégio de escolher seu nome religioso, passando a chamar-se Yogarianda, que significa beatitude através da união com Deus. Em junho desse mesmo ano, Yogarianda diplomou-se na Universidade de Calcutá como bacharel em artes.
Missão Divina
Yogananda deu início à missão de sua vida fundando uma escola para meninos, em 1917, na qual modernos métodos educacionais eram combinados a treinamentos em ioga e instruções sobre os princípios básicos para se viver uma vida feliz e em comunhão com o espírito. Visitando a escola alguns anos depois, Mahatman Ghandi escreveu: "Esta instituição me impressionou profundamente".
Em 1920, o ainda jovem swami recebeu um convite para viajar ao Ocidente e, como delegado da índia, participar de um congresso internacional de líderes religiosos, em Boston, EUA. Inseguro porque não falava bem o inglês, Yogananda perguntou a Sri Yukteswar se deveria ir. "Todas as portas estão abertas para você", o mestre respondeu. "É agora ou nunca!" Chegando à América, seu discurso no congresso, cujo tema era A Ciência da Religião, foi recebido com tanto entusiasmo que ele foi convidado a dar uma série de outras palestras em diversas cidades americanas. Alguns meses depois, Yogarianda fundou uma organização que chamou de Self-Realization Fellowship (Fraternidade da Auto-Realização), destinada a disseminar os ensinamentos e filosofia do ioga para o mundo.
Dando seqüência à tarefa de aproximar o homem de Deus através da meditação, o jovem yogue passou os quatro anos seguintes discursando e ensinando na costa leste dos Estados Unidos e, em 1924, embarcou em uma viagem transcontinental, que o levou até o Alasca, para divulgar sua mensagem. Ele estabeleceu uma sede central da SelfRea-lization Fellowship em Los Angeles, a qual se tornou o coração espiritual e administrativo de seu trabalho.
Durante mais de uma década, Yogananda viajou e discursou de modo incansável, falando em auditórios superlotados nas maiores cidades do país - desde o Carnegie Hall, em Nova York, até o Los Angeles Philharmonic. O jornal Los Angeles Times deu a seguinte notícia: "O Philharmonic Auditorium apresenta o extraordinário espetáculo de milhares de pessoas... que não encontraram lugar uma hora antes do início da palestra, cuja platéia superlotou os três mil assentos do teatro".
Yogananda enfatizava a unidade por trás de todas as grandes religiões do mundo, e ensinava métodos práticos para se obter uma experiência direta e pessoal com o Criador. Os que buscavam um maior aprofundamento em sua mensagem eram iniciados nas técnicas do Kriya Ioga, uma ciência espiritual, desenvolvida na índia há milênios, revivida nos tempos modernos pela linhagem de mestres iluminados à qual o swami pertencia.
Entre seus seguidores figuravam muitos nomes importantes no campo da ciência, negócios e artes, inclusive o horticulturista Luther Burbank, a soprano de ópera Amelita Galli-Curci, George Eastman (inventor da câmera Kodak), o poeta Edwin Markham e o maestro Leopold Stokowski. Em 1927, Yogananda foi oficialmente recebido na Casa Branca pelo Presidente Calvin Coolidge, que se havia interessado muito por suas atividades narradas pela maioria dos jornais americanos.
Volta à Terra Natal
Em 1935, Yogananda partiu em uma viagem de dezoito meses pela Europa e Índia. Na Alemanha, ele teve a oportunidade de se encontrar com a estigmatizada católica Teresa Neumann, que tinha no corpo as chagas de Jesus e, todas as sextas-feiras, revivia a Paixão de Cristo, sofrendo no próprio corpo as agonias do nazareno. Em sua terra natal, ele falou para milhares de pessoas em inúmeras cidades e teve um encontro com Mahatma Gandhi (que pediu para ser iniciado no Kriya Ioga), com o Nobel de Física, Sir C. V. Raman, e com algumas das figuras espirituais mais renomadas do país, como Sri Ramana Maharshi e Anandamoyi Ma. Foi nesse mesmo ano que seu guru lhe conferiu o mais elevado título espiritual da índia: Paramhansa (literalmente Supremo Cisne). O cisne é um símbolo de discriminação espiri- ual, e Paramhansa significa "aquele que manifesta o estado maior de comunhão ininterrupta com Deus".
O memorável reencontro com Sri Yukteswar, após tantos anos, foi relatado por C. Richard Wright, secretário que acompanhou Yogananda durante a viagem: "Com séria humildade entrei atrás de Yogananda no pátio, dentro dos muros do eremitério. Nossos corações batendo aceleradamente, subimos alguns gastos degraus de cimento, pisados, sem dúvida, por inúmeros buscadores da Verdade. À nossa frente, no alto da escada, apareceu silenciosamente o Grande Ser, Swami Sri Yukteswarji, de pé, com a postura nobre do sábio. Meu coração arfou e encheu o peito, pela bênção de estar nesta sublime presença. Lágrimas toldaram meu olhar ansioso, quando Yoganandaji caiu de joelhos e ofertou, com uma inclinação de cabeça, as saudações e o agradecimento de sua alma, tocando com a mão os pés do guru e, a seguir, em humilde obediência, a própria testa. Então se levantou e foi abraçado, dos dois lados do peito, por Sri Yukteswarji. Nenhuma palavra foi dita no início, mas um sentimento intenso era expresso nas mudas frases da alma. Como os olhos deles resplandeciam no calor do encontro! Uma vibração de ternura espalhou-se pelo silencioso pátio e o sol repentinamente se esquivou das nuvens para acrescentar um fulgor de glória".
Intocado pela Morte
Quando retornou da índia aos EUA, Paramhansa Yogananda começou a retirar-se das atividades no mundo e diminuir suas turnês para se dedicar aos escritos que levariam sua mensagem à posteridade. A história de sua vida, relatada no livro Autobiografia de um Yogue, foi publicada em 1946 e, desde então, tornou-se um verdadeiro clássico do espiritualismo moderno, indicado como material de estudo em inúmeras universidades. Um best-seller perene, o livro jamais teve sua publicação interrompida desde a primeira edição, e foi traduzido para dezoito idiomas em todo o mundo.
A missão conferida a Yogananda por seus Mestres foi cumprida à risca e com perfeição, inclusive na hora da sua derradeira partida, quando ele demonstrou o poder do ioga sobre a morte numa ação milagrosa, equiparada a dos maiores santos que já visitaram a Terra.
No dia 7 de março de 1952, convidado de honra em um banquete em homenagem ao embaixador da índia, Binay R. Sen, em Los Angeles, Yogananda proferiu um inspirado discurso, relatando fatos pitorescos de sua vinda aos Estados Unidos. Em seguida, recitando o poema Minha Índia, o mestre ergueu os olhos para o ponto entre as sobrancelhas e abandonou o corpo, entrando em mahasamádhi - a última vez em que um iluminado deixa sua forma física conscientemente.
Seu corpo ficou sendo velado em um retiro espiritual durante quase um mês, aguardando a chegada de devotos indianos. Em seu rosto podia ser visto um leve sorriso.
Vinte dias depois do desprendimento físico, seu corpo continuava sem qualquer indíciode decomposição. Sua face permaneciainalterada, exalando "o divino esplendor da incorruptibilidade".
O diretor do Cemitério de Forest Lawn, Harry T. Rowe, enviou à Self-Realization Fellowship uma carta autenticada, expressando sua admiração pelo estado do Mestre, um caso absolutamente singular em toda a sua experiência: "Nenhum odor de decomposição emanou de seu corpo em qualquer tempo. A aparência física de Yogananda em 27 de março, pouco antes de colocar-se a tampa de bronze no ataúde, era a mesma de 7 de março. Ele parecia, em 27 de março, tão cheio de frescor e intocado pela corrupção como na noite da sua morte. Em 27 de março não havia, em absoluto, motivo para se afirmar que seu corpo sofrera qualquer desintegração física visível. Por essas razões, declaramos novamente que o caso de Paramhansa Yogananda é único em nossa experiência".
Em 1977, no vigésimo-quinto aniversário de mahasamadhi de Yogananda, o governo indiano emitiu um selo comemorativo em sua honra. Junto com o selo, o governo publicou um folheto, no qual havia o seguinte trecho: "Os ideais de amor a Deus e de serviço à humanidade manifestaram-se plenamente na vida de ParamhansaYogananda (...) Embora tenha passado fora da Índia a maior parte de sua vida, seu lugar é entre os nossos grandes santos. Sua obra continua a crescer e a luzir cada vez mais, sempre com maior brilho, levando pessoas de todos os recantos para o caminho da peregrinação em busco do Espírito".
A Ciência do Kriya Yoga
Desenvolvida há milhares de anos pelos antigos rishis (antigos sábios da Índia),o Kriya Ioga se perdeu durante eras, até que Mahavatar Babaji a recuperou e transmitiu a seu discípulo, Lahiri Mahasaya, que a reintroduziu no mundo moderno por intermédio de Sri. Yekteswar e Yogananda.
A técnica do Kriya Ioga só pode ser revelada durante uma iniciação, mas em linhas gerais, consiste em dirigir mentalmente a energia vital, ou prana, em torno dos seis centros situados na coluna vertebral (os chakras).
Segundo Paramhansa Yogananda, "meio minuto de revolução da energia ao redor da sensível medula espinhal efetua progressos sutis na evolução do homem. O meio minuto de Kriya Ioga equivale a um ano de desenvolvimento espiritual natural (...) O principiante em Krya Ioga pratica esta técnica iogue apenas de quatorze a vinte e quatro vezes, duas vezes ao dia (...) O corpo do homem comum é como uma lâmpada de 50 watts, que não pode suportar o bilhão de watts de energia, gerados por uma prática excessiva de Kryia. Através do aumento regular e gradual dos exercícios simples e perfeitamente seguros do Kryia, o corpo humano transforma-se astralmente, dia a dia, e, por fim, está preparado para expressar o infinito potencial de energia cósmica que constitui a primeira expressão materialmente ativa do espírito (...) Desamarrando a corda da respiração que liga a alma ao corpo, o Kryia serve para prolongar a vida e expandir a consciência ao infinito. A técnica iogue vence o cabo de guerra entre a mente e os sentidos enredados na matéria, libertando o devoto para que herde outra vez o reino eterno (...) Mestre do seu corpo e de sua mente, o Kryia iogue finalmente vence o ´último inimigo´, a Morte".
Shamadhi
Trechos de um poema de Yogananda descrevendo o supremo estado de consciência que pode ser atingido por intermédio da meditação.
Levantados os véus de luz e sombra,
Evaporada toda a bruta da incerteza,
Singrando para longe todo o amanhecer de alegria transitória,
Desvanecida a turva miragem dos sentidos.
Tu és Eu, Eu sou Tu,
o Conhecer, o conhecedor, o Conhecido, unificados!
Palpitação tranqüila, ininterrupta, paz sempre nova, eternamente viva.
Deleite transcendente a todas as expectativas da imaginação, beatitude do samadhi!
Om sopra sobre as vapores, descortinando prodígios mais além,
Oceanos desdobram-se revelados, elétrons cintilantes, até que, ao último som do tambor cósmico(*),
Transfundem-se as luzes mais densas em ralos eternos
De bem-aventurança, que em tudo se infiltra.
Imaculado é meu céu mental - abaixo, à frente e bem acima,
Eternidade e Eu, um só raio unido.
Pequenina bolha de riso, eu
Me converti no próprio Mar da Alegria.
(*) Om: vibração criadora que deu origem e mantém toda a criação.
Paramahansa Haribarananda
O último discípulo vivo de Swami Sri Yukteswar
Com mais de 90 anos de idade e demonstrando uma vitalidade invejável, Paramahansa Hariharananda também foi treinado por Swami Sri Yukteswar. Iniciado em Kriya Ioga por Yogananda, até hoje ele continua difundindo essas técnicas milenares ao redor do mundo. Hariharananda falou à Sexto Sentido em entrevista exclusiva.
Quando o senhor começou como aprendiz de Swami Sri Yukteswar? Por favor, diga-nos lguma coisa sobre o grande mestre.
Encontrar o Mestre foi o momento mais memorável na vida deste discípulo. Aconteceu no ano de 1932, quando eu tinha 25 anos. Em sua vida estrita e disciplinada, encontrei um Mestre amável e preocupado, que transformou minha vida na de um verdadeiro buscador.
O senhor se encontrou pessoalmente como Paramahansa Yogananda?
Sim. Foi no ano de 1935-36, durante sua visita à Índia, na casa de seus pais. Depois de conhecê-lo, ele me ensinou o segundo estágio na prática do Kriya.
O senhor tem alguma ligação com a Self-Realization Fellowship (organização fundada por Yogananda)? Já se encontrou como Sri Daya Mata, atual presidente da organização?
Eu me encontrei com Daya Mata várias vezes. Na época, ela era Irmã Daya e estava visitando a índia, no final dos anos 50.
Yogananda, antes de sua morte, disse que seria o último na linha de gurus do Kriya Ioga que se originou com Mahavatar Babaji. Como o senhor se enquadra nisso?
Há muitos mestres na linhagem de Babaji e Lahiri Mahasaya, e Yogananda é um deles. Mas a linhagem de Mestres propriamente dita continua indefinidamente.
Yogananda pedia que um aluno aprendesse duas técnicas preparatórias e exercícios de energização, que preparariam o corpo para a técnica do Kriya. Que preparativos são necessários para ser iniciado pelo senhor?
Apenas um desejo profundo de aprender e praticar é necessário. Nós ensinamos como Lahiri Mahasaya e Sri Yukteshwar ensinavam os alunos.
Quantas Kriyas existem? Quanto tempo um aluno deve esperar para receber todos eles?
Existem seis Kriyas. Tudo depende da sinceridade do aluno.
O senhor conhece Sai Baba, que alguns dizem ser o "avatar vivo" desta era? O que pode nos dizer sobre ele?
Sai Baba é um ser divino. Não tenho mais nada a dizer.
Como uma alma é criada?
A alma não tem princípio.
Como é viver constantemente em nirbikalpa samadhi, o estado interior no qual não existe a respiração?
Esse é um estado de perfeita bem-aventurança, além de qualquer expressão.
Em seu entendimento, por que Deus criou o Universo? Por que tivemos que ir do mineral para o vegetal para o animal e para o humano, em vez de ter nascido divinos e capazes de desfrutar de consciência total e união com Deus desde o princípio?
Deus criou o Universo para a bem-aventurança. É um jogo cósmico.
Qual é a sensação de entrar em samadhi? Sua mente fica submersa na Luz Interior para sempre?
Samadhi é um estado de silêncio absoluto, imerso em luz e som.
O senhor já se encontrou com Sri Yukteswars e outros gurus em anos recentes? Está em contato constante com eles?
Sim.
Mahavatar Babaji continua vivo em um corpo humano físico?
Ele está vivo, mas em seu corpo divino.
Paramahansa Yogananda não permitia que seus discípulos o adorassem. Como senhor vê a adoração a um guru? Isso não é uma armadilha em que o devoto pode cair para escapar de suas responsabilidades como ser humano?
Devoção a um guru é uma expressão de amor e gratidão ao mestre.
Que mensagem o senhor gostaria de deixar para nossos leitores, a maioria sinceros buscadores da Verdade?
Sejam bons. Meditem. Transformem o trabalho em adoração. Sejam calmamente ativos e ativamente calmos. Não desperdicem seu tempo com ninguém, exceto Deus, e assim o tempo não será desperdiçado. Um grama de prática vale mais do que toneladas de teorias.
"Encontrar o Mestre foi o momento mais memorável ria vida deste discípulo. Aconteceu no ano de 1932, quando eu tinha 25 anos. Em sua vida estrita e disciplinada, encontrei um Mestre amável e preocupado, que transformou minha vida na de um verdadeiro buscador".
Revista Sexto Sentido
Número 36
Páginas 22-28