PARA QUE SONHAMOS - por Marlene Schuh

- Por Marlene Schuh -

Sonhar é "estar" em estado alterado de consciência; para sonhar, devemos estar dormindo, e para estar dormindo, entramos num nível de consciência mais baixa (a freqüência das nossas ondas cerebrais se reduz consideravelmente).
Quando estamos acordados, alertas, estamos no nível Beta de ondas cerebrais; quando relaxamos ou cochilamos, entramos em ondas cerebrais Alpha; e quando dormimos, entramos em ondas cerebrais Theta, e até Delta, que é mais baixo ainda.
Sabemos que os sonhos são imagens que se apresentam à consciência; são mensagens que vêm do inconsciente e que são produzidas por diversos fatores.
Às vezes, quando sofremos alguma repressão ou perda, e o sonho vem pra compensar algo, sem dúvida alguma ele vem para nos aliviar, auxiliar e aconselhar, sempre...
Todos nós estamos aqui para algo maior do que simplesmente comer, trabalhar, dormir e se reproduzir, mas a maioria das pessoas não sabem para que vieram, e muitas vezes nossa alma tenta se comunicar mandando avisos por sonhos e, por mais simples que ele seja, um sonho sempre revela algo interno do indivíduo.
Existe uma linha de terapia que é a Junguiana (baseada nos postulados de Carl Gustav Jung, médico suíço, contemporâneo de Freud), que acompanha os sonhos dos pacientes durante seu processo de evolução; se tivéssemos anotado nossos sonhos durante toda a vida, notaríamos a alma falando com a gente, mesmo que simbolicamente, mostrando um caminho.
Os sonhos nos mostram como lidar com os aspectos dolorosos e fornecem uma linha mestra de como lidar com tudo isto, como encontrar um sentido em nossa vida, como cumprir nosso próprio destino, e como seguir nossa própria estrela, para realizar o potencial de vida que há em nós.
Nossa alma já sabe qual a sua programação de destino; quando nascemos, já temos isso dentro de nós, então somos orientados para a nossa realização, que não é meramente material, mas também social, familiar e espiritual.
Sonhando, extrapolamos os limites de tempo-espaço, podendo acessar o futuro ou o passado. A alma tem acesso à programação existencial, e também àquela outra, mais misteriosa, guardada no insconsciente.
O Ego (o Eu encarnado) não sabe qual a parte que deve ser trabalhada, mas a alma sabe e nos manda mensagens através dos sonhos (mesmo que o sonho seja pequeno e banal), e se a pessoa não ouvir, ela manda sintomas (psicossomáticos) para chamar sua atenção. Contudo, se a comunicação entre a alma e o ego for boa, ela manda sinais de bem-estar.
Como você vai saber? Depende do seu grau de auto-conhecimento.
O sonho fala simbolicamente, mas o seu conteúdo psíquico é do próprio indivíduo, tudo que está no sonho é seu.
A interpretação constante dos sonhos faz a pessoa entrar em contato consigo mesma; alguns terapeutas interpretam os sonhos em apenas uma sessão, mas você pode trabalhá-los em várias sessões e em várias épocas de sua vida; com esta análise você poderá saber como anda sua evolução.
Jung parece ter previsto a ascensão do nazismo na Alemanha, apenas observando seus pacientes alemães; eles tinham sonhos em que toda essa coisa se plasmava antecipadamente, com considerável número de detalhes, e ele estava absolutamente certo disso nos anos anteriores a Hitler, antes do início de sua ascensão ao poder.
Inclusive, podia precisar o ano, em 1919, em que algo ameaçava acontecer na Alemanha, algo muito grande e catastrófico; e ele soube disto apenas observando os sonhos dos pacientes.
Seria bom tratarmos cada sonho como se fosse um objeto inteiramente desconhecido. Observá-lo de todos os lados e ângulos, deixar nossa imaginação brincar com ele, e falar dele com outras pessoas.
Na antiguidade, as pessoas contavam seus sonhos umas às outras; sonhos impressionantes, se possível em um lugar público, e este costume era habitual entre elas, pois todos os povos antigos atribuíam grande significado aos sonhos.
O sonho mostra a verdade íntima e a realidade com ela realmente é, não da maneira como gostaríamos que fosse; é uma portinha escondida no mais profundo e secreto recesso da alma que se abre para a imensidão.
Nós certamente não sabemos de onde viemos, nem para onde vamos, ou por que estamos aqui; então é justo acreditar que fazendo o nosso melhor, estaremos nos preparando da melhor maneira possível para as coisas que virão...

- Nota de Wagner Borges: Marlene Schuh é psicoterapeuta e estudante dos temas espirituais. É freqüentadora do IPPB há muitos anos.
O seu e-mail para contato é marleneshu@yahoo.com
- Notas do Texto:
* Alma – o ser psíquico; expressão original em grego: “psique”.
* Carl Gustav Jung (1875-1961) - psiquiatra suíço, fundador da Psicologia analítica.
* Ondas Cerebrais - o cérebro apresenta quatro tipos de ondas cerebrais:
- Ondas Beta (30 a 14 ciclos por segundo - características da vigília física).
- Ondas Alfa (13 a 8 ciclos por segundo - características dos estados de relaxamento e dos estados hipnagógicos, limiares entre a lucidez da vigília e o sono, e hipnopômpicos, limiares entre o sono e a vigília, chamados popularmente de cochilos).
- Ondas Theta (7 a 4 ciclos por segundo - características do sono leve).
- Ondas Delta (4 a 1 ciclo por segundo - características do sono profundo).

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