UM SONHO - por Jon
- Por Jon -
Essa noite eu tive um sonho.
Sonhei que havia morrido. Pelo menos para esta realidade densa.
Acordei em algum ponto do espaço, olhando para o planeta, cara a cara, como se ele fosse um organismo único.
Essa noite eu tive um sonho.
Sonhei que havia morrido. Pelo menos para esta realidade densa.
Acordei em algum ponto do espaço, olhando para o planeta, cara a cara, como se ele fosse um organismo único.
Minha noção de espaço estava diferente, pois poderia olhar para o maior e o menor da mesma maneira.
Enquanto observava o planeta Terra, alguém invisível me dizia:
“Não se preocupe, agora você não precisa mais pensar sobre lá, você está livre” (esse livre tem um contexto diferente, não tem relação com livrar-se da roda de Samsara*, não sei explicar).
Havia outras pessoas ao meu lado.
Nós nos emocionamos ao olhar o planeta de fora, pois o conhecíamos de perto, sabíamos como era lá embaixo.
“Não se preocupe, não pense mais sobre isso, pois não faz mais parte de sua realidade”, continuava alguém, que transmitia grande tranqüilidade.
Eu me lembrei de ter reclamado várias vezes das pessoas e da dificuldade do convívio social, e percebi que, quando a mente está livre, qualquer hostilidade é eliminada, pelo mesmo motivo que um adulto sabe que não faz sentido discutir com uma criança.
Então, ali do espaço, livre do peso do corpo, eu fui invadido por um sentimento de compaixão. Fui invadido por uma vontade absurdamente incontrolável de descer novamente.
Eu queria descer de novo e fazer melhor.
Mesmo sabendo que iria esquecer tudo, mais uma vez...
- Nota de Wagner Borges: Jon é o pseudônimo do nosso colega Jonas, participante do grupo de estudos e assistência espiritual do IPPB**.
Nota do texto:
* Samsara (do sânscrito): no contexto budista e hinduísta, é a roda compulsória da reencarnação.
** Para enriquecer esses escritos inspirados do Jon, reproduzo na seqüência um outro texto dele (já postado pelo site há cerca de um ano).
NA PARTIDA DO AVÔ, O DESPERTAR DE UM GAROTO
- Por Jon -
Era uma vez um avô. Bem humorado, piadista, boa gente.
Uma pessoa com quem havia uma amizade incrível, afinidades mesmo.
O garoto gostava porque o "velho" entendia as suas piadas, e vice-versa.
E assim era. Boa companhia garantida em festinhas, casamentos, velórios e demais eventos diversos em família.
O garoto e o avô não perdoavam. Era piada o tempo todo.
Uma vez telefonaram. Havia um velório.
Dessa vez, ele faltou.
O garoto viu um cadáver, aproximou-se com tranqüilidade, tocou, parecia oco. E em poucos segundos, com tranqüilidade, voltou-se de costas, retirando-se.
Pensou: "Não há nada aqui. Ele não está aqui!"
Foi calmamente procurar um lugar para pensar.
Era uma certeza inabalável. Ele não estava ali. Não havia sua presença.
O garoto conhecia a pessoa. Como poderia se enganar?
Ele sabia.
Enquanto pensava, esperando o tempo passar, por acaso algumas lembranças boas e piadas surgiam como lembranças em sua mente.
Era quase impossível segurar o sorriso.
Tentava disfarçar um sorriso sereno, que, de leve, tentava brotar, afinal estava em um velório, não queria causar estranheza aos demais.
E assim, continuava "meditando".
Na época, ainda não havia sequer o conhecimento da palavra "espiritualidade". Não havia nenhuma orientação (pelo menos, não nessa vida), logo não havia nenhum condicionamento.
Era uma certeza íntima, inabalável, naquela época. Não haveria de ser diferente depois.
Não havia nenhuma lágrima. Mas os olhos brilhavam como nunca.
Todas as lembranças boas do avô surgiam em sua mente, ao mesmo tempo, como uma onda imensa de felicidade.
Que experiência "contraditória" a vida proporciona, ele pensou.
Justamente no velório de pessoa tão querida, brotar tamanha certeza, e talvez o maior sentimento de gratidão para com a Existência, que o garoto jamais havia conhecido antes.
- Nota de Wagner Borges: Jon é o pseudônimo do nosso colega Jonas, participante do grupo de estudos e assistência espiritual do IPPB.
Enquanto observava o planeta Terra, alguém invisível me dizia:
“Não se preocupe, agora você não precisa mais pensar sobre lá, você está livre” (esse livre tem um contexto diferente, não tem relação com livrar-se da roda de Samsara*, não sei explicar).
Havia outras pessoas ao meu lado.
Nós nos emocionamos ao olhar o planeta de fora, pois o conhecíamos de perto, sabíamos como era lá embaixo.
“Não se preocupe, não pense mais sobre isso, pois não faz mais parte de sua realidade”, continuava alguém, que transmitia grande tranqüilidade.
Eu me lembrei de ter reclamado várias vezes das pessoas e da dificuldade do convívio social, e percebi que, quando a mente está livre, qualquer hostilidade é eliminada, pelo mesmo motivo que um adulto sabe que não faz sentido discutir com uma criança.
Então, ali do espaço, livre do peso do corpo, eu fui invadido por um sentimento de compaixão. Fui invadido por uma vontade absurdamente incontrolável de descer novamente.
Eu queria descer de novo e fazer melhor.
Mesmo sabendo que iria esquecer tudo, mais uma vez...
- Nota de Wagner Borges: Jon é o pseudônimo do nosso colega Jonas, participante do grupo de estudos e assistência espiritual do IPPB**.
Nota do texto:
* Samsara (do sânscrito): no contexto budista e hinduísta, é a roda compulsória da reencarnação.
** Para enriquecer esses escritos inspirados do Jon, reproduzo na seqüência um outro texto dele (já postado pelo site há cerca de um ano).
NA PARTIDA DO AVÔ, O DESPERTAR DE UM GAROTO
- Por Jon -
Era uma vez um avô. Bem humorado, piadista, boa gente.
Uma pessoa com quem havia uma amizade incrível, afinidades mesmo.
O garoto gostava porque o "velho" entendia as suas piadas, e vice-versa.
E assim era. Boa companhia garantida em festinhas, casamentos, velórios e demais eventos diversos em família.
O garoto e o avô não perdoavam. Era piada o tempo todo.
Uma vez telefonaram. Havia um velório.
Dessa vez, ele faltou.
O garoto viu um cadáver, aproximou-se com tranqüilidade, tocou, parecia oco. E em poucos segundos, com tranqüilidade, voltou-se de costas, retirando-se.
Pensou: "Não há nada aqui. Ele não está aqui!"
Foi calmamente procurar um lugar para pensar.
Era uma certeza inabalável. Ele não estava ali. Não havia sua presença.
O garoto conhecia a pessoa. Como poderia se enganar?
Ele sabia.
Enquanto pensava, esperando o tempo passar, por acaso algumas lembranças boas e piadas surgiam como lembranças em sua mente.
Era quase impossível segurar o sorriso.
Tentava disfarçar um sorriso sereno, que, de leve, tentava brotar, afinal estava em um velório, não queria causar estranheza aos demais.
E assim, continuava "meditando".
Na época, ainda não havia sequer o conhecimento da palavra "espiritualidade". Não havia nenhuma orientação (pelo menos, não nessa vida), logo não havia nenhum condicionamento.
Era uma certeza íntima, inabalável, naquela época. Não haveria de ser diferente depois.
Não havia nenhuma lágrima. Mas os olhos brilhavam como nunca.
Todas as lembranças boas do avô surgiam em sua mente, ao mesmo tempo, como uma onda imensa de felicidade.
Que experiência "contraditória" a vida proporciona, ele pensou.
Justamente no velório de pessoa tão querida, brotar tamanha certeza, e talvez o maior sentimento de gratidão para com a Existência, que o garoto jamais havia conhecido antes.
- Nota de Wagner Borges: Jon é o pseudônimo do nosso colega Jonas, participante do grupo de estudos e assistência espiritual do IPPB.