HINDUÍSMO - 2ª Parte
(Pequeno Estudo Sobre Advaita Vedanta – 2ª Parte)
- por Enki –
O que faz o estudante da Advaita Vedanta para atingir a tal Unidade – desvanecer-se do véu de Maya e tornar-se iluminado (Buddha?)
- por Enki –
O que faz o estudante da Advaita Vedanta para atingir a tal Unidade – desvanecer-se do véu de Maya e tornar-se iluminado (Buddha?)
Para alcançar essa Unidade (Yoga), o estudante da Advaita Vedanta usa, como ferramenta mais importante, o discernimento. Na senda do estudante vedantino, vijñana só vai até um ponto. Viveka permanece eternamente com ele.
O estudante habitua-se a perguntar: “Isso é Brahman?”.
E a resposta é: “Neti, neti”.
“Neti, neti” significa, em tradução literal, “isto não é isto, isto não é aquilo”.
Nesse caso, a expressão é usada para descrever algo que não pode ser descrito, como, por exemplo, o próprio Brahman, o amor, a felicidade.
A prática da filosofia Vedanta é uma aventura fascinante. Em um primeiro momento, o estudante discrimina os objetos (exteriores e interiores); em seguida, discerne sobre eles para, através desse discernimento, perceber a unidade de tudo o que existe.
Assim, a busca da real natureza, da essência das partes (khanda), leva-o à Unidade Inquebrantável (Akhanda).
Viveka é a ferramenta que o conduz à correta meditação. E é na meditação que suas melecas emocionais, suas imperfeições, se apresentam como num filme diante do estudante.
É aqui que vijñana deixa de existir para ele. Se, no momento da meditação, o estudante discrimina algo que lhe aparece como uma situação já resolvida, o estado meditativo, que é difícil de se atingir, cessa instantaneamente.
Mas, por que ele desaparece? A resposta é simples.
O objetivo do estudante é transcender o ego e não afirmá-lo. Separando o que considera resolvido do que considera ainda sem solução, ele está exercitando o seu ego e não removendo-o.
É nesse ponto que entra viveka, o discernimento. O estudante, primeiro, discerne sobre as imagens de sua meditação e esmiúça cada ponto de sua visão, descobrindo as falhas a serem corrigidas. Mas, é preciso ressaltar que o estudante se depara com testes meditativos que seus amparadores (gurus, guias espirituais) lhe propõem, e irradiações negativas, que espíritos menos esclarecidos lhe impõem com o intuito de confundi-lo.
Assim, são postas à prova sua capacidade de discernimento, sua firmeza (Akhanda) na concentração, sua firmeza de propósito e sua fé (shrada).
A meditação é a ferramenta que lhe permite lapidar o diamante de seu ser.
O estudante avançado, pela prática constante do discernimento, medita onde quer que esteja, seja na floresta, seja no centro de uma grande cidade. Ele sabe que o templo é o seu corpo, que o altar é o seu coração, e que o amor por Tudo é sua oferenda a Deus. Ele se refugia na caverna do coração e a ilumina com a fogueira da sabedoria conquistada pelo discernimento e pela vivência.
- Notas do sânscrito:
* Maya - ilusão.
* Brahman - o Absoluto; o Todo; Deus.
* Uma história Hindu:
O SENHOR NÃO TEM FORMA FIXA
Havia um artista que tinha viajado muito e construído uma sólida reputação. Mas ainda não estava satisfeito, pois não havia conseguido pintar um retrato de Krishna.
Ansioso para obter o Seu consentimento, buscou até conseguir um encontro com o Senhor. Quando chegou junto a Ele, pediu-Lhe que posasse para que pudesse pintá-LO.
Preparou o esboço e disse a Krishna que o quadro ficaria pronto dentro de uma semana. Krishna conhecia o ego do pintor.
Passada uma semana, o pintor levou o retrato coberto por um pano e, ao descobri-lo na presença do Senhor, o próprio artista ficou completamente desconcertado e pediu mais uma semana para finalizar seu trabalho; tentou diversas vezes, mas, a cada tentativa, o resultado era ainda mais decepcionante.
Em completa frustração e total desalento, resolveu deixar a cidade. Quando partia, deparou-se com Narada, o sábio, que o esclareceu ser uma tolice tentar pintar um retrato do Senhor Krishna, uma vez que ele não possui forma fixa e pode mudar de feição a cada segundo e, assim, aconselhou-o: “Se você deseja pintá-LO, ensinar-lhe-ei um método infalível”.
Sussurou algo em seu ouvido e, seguindo prontamente a sugestão, o pintor retornou a Krishna com algo coberto por um pano branco, dizendo que, desta vez, poderia mudar como quisesse e, ainda assim, a pintura seria idêntica a ele.
Ao remover o pano, Krishna viu apenas um espelho, o qual reproduzia exatamente a sua réplica.
“Se você imagina que Deus tem esta ou aquela forma, está enganado. Não se pode descrever Deus e qualquer tentativa falharia. Faça sua mente limpa e clara, preencha-a com amor e devoção; isto o capacitará a ter a verdadeira visão de Deus”.
(História adaptada do Chinna Katha, de Sathya Sai Baba).
(Texto publicado no Boletim “Paz e Luz” – Número 02 – Maio de 2004).
O estudante habitua-se a perguntar: “Isso é Brahman?”.
E a resposta é: “Neti, neti”.
“Neti, neti” significa, em tradução literal, “isto não é isto, isto não é aquilo”.
Nesse caso, a expressão é usada para descrever algo que não pode ser descrito, como, por exemplo, o próprio Brahman, o amor, a felicidade.
A prática da filosofia Vedanta é uma aventura fascinante. Em um primeiro momento, o estudante discrimina os objetos (exteriores e interiores); em seguida, discerne sobre eles para, através desse discernimento, perceber a unidade de tudo o que existe.
Assim, a busca da real natureza, da essência das partes (khanda), leva-o à Unidade Inquebrantável (Akhanda).
Viveka é a ferramenta que o conduz à correta meditação. E é na meditação que suas melecas emocionais, suas imperfeições, se apresentam como num filme diante do estudante.
É aqui que vijñana deixa de existir para ele. Se, no momento da meditação, o estudante discrimina algo que lhe aparece como uma situação já resolvida, o estado meditativo, que é difícil de se atingir, cessa instantaneamente.
Mas, por que ele desaparece? A resposta é simples.
O objetivo do estudante é transcender o ego e não afirmá-lo. Separando o que considera resolvido do que considera ainda sem solução, ele está exercitando o seu ego e não removendo-o.
É nesse ponto que entra viveka, o discernimento. O estudante, primeiro, discerne sobre as imagens de sua meditação e esmiúça cada ponto de sua visão, descobrindo as falhas a serem corrigidas. Mas, é preciso ressaltar que o estudante se depara com testes meditativos que seus amparadores (gurus, guias espirituais) lhe propõem, e irradiações negativas, que espíritos menos esclarecidos lhe impõem com o intuito de confundi-lo.
Assim, são postas à prova sua capacidade de discernimento, sua firmeza (Akhanda) na concentração, sua firmeza de propósito e sua fé (shrada).
A meditação é a ferramenta que lhe permite lapidar o diamante de seu ser.
O estudante avançado, pela prática constante do discernimento, medita onde quer que esteja, seja na floresta, seja no centro de uma grande cidade. Ele sabe que o templo é o seu corpo, que o altar é o seu coração, e que o amor por Tudo é sua oferenda a Deus. Ele se refugia na caverna do coração e a ilumina com a fogueira da sabedoria conquistada pelo discernimento e pela vivência.
- Notas do sânscrito:
* Maya - ilusão.
* Brahman - o Absoluto; o Todo; Deus.
* Uma história Hindu:
O SENHOR NÃO TEM FORMA FIXA
Havia um artista que tinha viajado muito e construído uma sólida reputação. Mas ainda não estava satisfeito, pois não havia conseguido pintar um retrato de Krishna.
Ansioso para obter o Seu consentimento, buscou até conseguir um encontro com o Senhor. Quando chegou junto a Ele, pediu-Lhe que posasse para que pudesse pintá-LO.
Preparou o esboço e disse a Krishna que o quadro ficaria pronto dentro de uma semana. Krishna conhecia o ego do pintor.
Passada uma semana, o pintor levou o retrato coberto por um pano e, ao descobri-lo na presença do Senhor, o próprio artista ficou completamente desconcertado e pediu mais uma semana para finalizar seu trabalho; tentou diversas vezes, mas, a cada tentativa, o resultado era ainda mais decepcionante.
Em completa frustração e total desalento, resolveu deixar a cidade. Quando partia, deparou-se com Narada, o sábio, que o esclareceu ser uma tolice tentar pintar um retrato do Senhor Krishna, uma vez que ele não possui forma fixa e pode mudar de feição a cada segundo e, assim, aconselhou-o: “Se você deseja pintá-LO, ensinar-lhe-ei um método infalível”.
Sussurou algo em seu ouvido e, seguindo prontamente a sugestão, o pintor retornou a Krishna com algo coberto por um pano branco, dizendo que, desta vez, poderia mudar como quisesse e, ainda assim, a pintura seria idêntica a ele.
Ao remover o pano, Krishna viu apenas um espelho, o qual reproduzia exatamente a sua réplica.
“Se você imagina que Deus tem esta ou aquela forma, está enganado. Não se pode descrever Deus e qualquer tentativa falharia. Faça sua mente limpa e clara, preencha-a com amor e devoção; isto o capacitará a ter a verdadeira visão de Deus”.
(História adaptada do Chinna Katha, de Sathya Sai Baba).
(Texto publicado no Boletim “Paz e Luz” – Número 02 – Maio de 2004).