O UNIVERSO EM TEU CORPO HUMANO

- Por Maurício Santini -

Teus cabelos foram feitos para abrigar idéias criativas.
Para receber os afagos de mãos carinhosas.
Para armazenar os pensamentos mais lúcidos.
Jamais prenda seus fios em formas sórdidas.
Nunca penteie as ilusões, nem tonifique seus lampejos tristes.

Teus olhos foram feitos para abrir as janelas da alma.
Para deitar as lágrimas de compaixão aos homens.
Para brilhar sob a luz do sol e refletir seu brilho.
Jamais os feche às dores do mundo.
Nunca use as sombras para ornar seus contornos.
Teu nariz foi feito para respirar o hálito das flores.
Para inalar o perfume e o alento da vida.
Para sorver o prana (1) que vem da brisa do mar e das montanhas.
Jamais sufoque os bons ares que vêm da alegria.
Nunca perca o fôlego por paixões fugidias.

Teus ouvidos foram feitos para ouvir a canção do Senhor.
Para escutar a voz do silêncio e meditar naquilo que não ouve.
Para auscultar as palavras serenas e até verdades mais duras.
Jamais os tampe com as mãos da indiferença.
Nunca os feche aos apelos dos necessitados.

Tua boca foi feita para cantar a melodia do Universo.
Para degustar o maná dos deuses em Um só.
Para dizer o indizível, para alastrar as boas novas.
Jamais diga o que o teu peito destoa.
Nunca maldiga e nem amaldiçoe a quem quer que seja.

Tuas mãos foram feitas para aninhar as outras.
Para cumprimentar todo o ser com o aceno da paz.
Para estendê-las aos que precisam de amor.
Jamais cruze os dedos para os atos mais puros.
Nem as lave com as águas do descaso e da soberba.

Teu coração foi feito para bater por nós todos.
Para pulsar com os ritmos do coração da Terra.
Para reparti-lo com a humanidade.
Nunca o parta com emoções mais tolas.
Nem o maltrate com a arritmia do ódio e do ressentimento.

Teu sexo foi feito para dar luz ao mundo.
Para juntar o separado, unir o desunido.
Para a mescla de corpos que se amam.
Jamais beba das orgias de uma fonte sádica.
Nem tampouco o vicie com a energia do outro.

Teus pés foram feitos para trilhar os caminhos da sabedoria.
Para andar na retidão e marchar pela paz.
Para fincar suas obras no solo do destino.
Jamais caminhe com os passos violentos.
Nem os descanse nos escalda-pés da ignorância.

Tua alma nasceu para ser livre!
Voa, solta pelo ar a espargir luz pelos tempos.
Ganha corpo. Eleva o espírito e leva a Deus.
Aliás, tua alma não nasceu, porque sempre existiu.
E irá se juntar às estrelas. Para ser orbes e galáxias.
Para ser breve num átimo de cometas.
Para ser sempre e compor o que chamamos de Deus!

- Nota de Wagner Borges: Mauricio Santini é jornalista, escritor, poeta e espiritualista. É meu amigo há muitos anos, e sempre me emociono com os seus textos brilhantes e cheios daquele algo a mais que só os grandes escritores e poetas possuem. Para ver outros textos dele, basta entrar em sua coluna na revista on line de nosso site: www.ippb.org.br


- Nota do texto:
1. Prana (do sânscrito): Sopro Vital; Energia; Força Vital.

Texto <563><26/10/2004>

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