OS ILUSTRES DESCONHECIDOS

Parece que todos já foram ilustres no planeta! Mas o que realmente significa ser ilustre? Constar nas páginas de um surrado livro de História? Surgir pintado e pendurado nas paredes de uma sala de eventos? Ser citado nas colunas sociais do jornal de bairro? Aparecer na tela hipnótica do jornal das oito? Quem é mais ilustre perante o Criador: a velha sábia e atípica que tira os quebrantos ou a velha lábia política que tira os encantos?
A soberba petulante de achar-se iluminado preenche de escuridão o espírito e dá black-out na alma. A fama afana de nós, a paz e a tranqüilidade interior. Difama, a fama, aquilo que nos parece mais soberbo: a vida. Não que não tenhamos que ser reconhecidos pelo labor que desenvolvemos; é honra e gratidão presentes pelas nossas ações e reações. Mas o que aniquila nosso conhecimento é ser reconhecido como conhecedor exímio de tudo! O único guru é Brahman! O único hierofante é O Todo! Nós somos partículas dessa benção divina; estrelas de corpos celestes que desabam vertiginosamente sobre o abismo; por vezes, sóis que projetam seus raios dourados pelas galáxias!
Essa discrepância entre a genialidade e o medíocre; entre a criatividade e a cretinice, faz estarmos morrendo a cada dia que se passa, sem termos a íntima e real predisposição de viver.
Portanto, se em uma retrocognição projetiva, se em um lampejo de clarividência, na fala de um pai-de-santo ou templário de Yoga, pelas mesas brancas e terreiros de Umbanda, você vier a saber que foi personagem histórico e atolado pela fama, ignore seu pretérito, baixe a bola, coloque os pés no chão e caminhe seus passos para a frente.
Assim, se foi Nero, queime suas dores e a de seus irmãos com o fogo purificador.
Se foi Cleópatra, pare de pensar em Marco Antônio e comece a pensar em Hórus e Rá.
Se foi Júlio César, conquiste as pessoas com alegria e firme seu Império de Luz!
Se foi Pôncio Pilatos, lave as mãos das impurezas e use-as para a cura.
Se foi Moisés, abra os caminhos encharcados e mostre as tábuas da Cosmoética.
Se foi Napoleão ou Hitler, invada de paz aqueles que estão em guerra e conflitos.
Se foi Thomaz Alva Edison, invente a luz que tem em seus chacras.
Se foi Colombo ou Cabral, descubra os caminhos para a felicidade.
Se foi D. Pedro, liberte-se e "Independência na Vida e na Morte!"
Se foi Galileu, seja uma estrela!
Se foi Michelângelo, pinte sua vida com as cores da harmonia.
Se foi Da Vinci, dê trinta, quarenta, o quanto puder dar.
Se foi Mozart, Choppin ou Bach, recite a melodia dos Devas e entregue ao coração dos homens.
Se foi Maquiavel, arquitete planos de evolução para o mundo inteiro.
Se foi Nostradamus, profecie que essa vida não se acaba.
Se foi Shakespeare, tenha muitos sonhos e projeções em noites de inverno e verão.
Se foi Noé, abrigue os animais e acalme sua fera interior.
Se foi Júlio Verne, viaje pelas dimensões.
Se foi Newton ou Einstein, simplifique os cálculos que levam ao "Tao da Física".

Assim, se foi um rishi, um sábio ou um mestre, APRENDA!

Por final, se foi Jesus, Krishna ou Buda, ponha a mão na consciência e saia dessa vida, meu caro! Procure ser aquilo que eles realmente foram: HUMILDES!

- Maurício Santini -
São Paulo, 13/07/96



* Maurício Santini é poeta, jornalista, escritor e nosso amigo querido. Ele nos autorizou a divulgação deste texto.

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