O DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO - (Folhas de Outono) - Parte III

A experiência que estimula o raciocínio é que traz o conhecimento. Quando a experiência é de outro, apenas serve como referência. Sempre que você puder, dê preferência para as práticas que proporcionem vivência e permitam experiência pessoal.
O espírito é a energia que imprime movimento nas partículas materiais. Movimento significa mudança, e mudança ou modificação é evolução. A evolução começa quando um impulso mais elevado se manifesta tirando o ser do equilíbrio anterior. O impulso mais elevado se dá quando o consciente se integra com o subconsciente. Essa integração ocorre na introspecção, quando o cérebro responde com predominância de Ondas Theta (1), e com um mínimo de 250 microvolts nos neurônios da área em atividade. Esse impulso poderá levar o consciente, através do subconsciente, a se integrar com o supraconsciente.
Quem estuda a Huna (2), se quiser, poderá ler: Uhane, Unihipili e Aumakua, como são denominados em havaiano os conceitos psicológicos de consciente, subconsciente e supraconsciente. Os rótulos não alteram o produto, nem os conceitos mais profundos da psico-filosofia dos havaianos ancestrais.
Na matéria, o ideal é obter a mesma em forma de pureza, cada tipo de matéria, ou, de substância, em sua forma mais pura. Na química dizemos: substância P. A. ou, Pró Análise.
Na Mente, o ideal é aquilo que denominamos espiritualidade, fator de desenvolvimento do psiquismo para o bem, com amor e respeito à natureza e ao próximo.
A involução começa quando a mais elevada forma de evolução está completa. Começa quando o que está inato na semente já deu fruto. Na matéria há a decomposição. No cérebro, as capacidades se debilitam, como a memória, por exemplo. Se você não está satisfeito, e exige sempre mais de seu cérebro através de atividade mental correta, o cérebro se mantém ativo, retardando a involução. O mesmo acontece com a musculatura diante da atividade até os 80 anos. Depois é se conformar com o envelhecimento e a decrepitude, se não vier antes.
Em se tratando de espiritualidade, o ideal manifestado não se perde, mas fica de modo concentrado como na semente, esperando um novo momento de evolução. Em um sentido mais amplo, todas as coisas evoluem e depois, na involução, retornam as bases com possibilidade de novos começos. Alguns entendem como reencarnação.
A vida na matéria se caracteriza por assimilação, crescimento e reprodução. A vitalidade muda constantemente no processo evolutivo e podemos verificar que, a matéria viva serve de suporte para que, diferentes seres manifestem diferentes graus de Consciência. Hoje em dia, o ponto alto é aquele em que os seres apresentam Consciência de Existir, além da consciência relativa ao mundo que o rodeia. A consciência de existir surge em função da memória, a qual permite estabelecer os conceitos de espaço, de tempo e causalidade. As lembranças permitem estabelecer os conceitos de ausente, presente e de tempo passado. O raciocínio permite imaginar as possibilidades de um futuro.
O animal lembra por imagens voláteis. O homem pode desenvolver recordação contínua das imagens. Quanto maior o poder de visualização e de recordação contínua, mais afastado está da condição do animal, portanto, mais evoluído.
Poderíamos dizer que a Consciência está evoluindo e aspirando algo mais elevado, como um desenvolvimento até a Supraconsciência, ou Superconsciente, que, às vezes, é denominado Consciência Cósmica. A união perfeita dos dois níveis de trabalho mental, o nível objetivo e o nível subjetivo, trabalhando em conjunto e harmonizados, permite o contato do lado objetivo da mente, o consciente, com o superconsciente, através do subconsciente, e a isso se denomina Iluminação, ou, capacidade de visão.
A Visão como percepção, permite a Intuição que é expressa por ações ou verbalizações. O caminho apontado para obter esse resultado é a introspecção. “Ninguém vai ao Pai senão por mim”, poderia ser: “Ninguém (o consciente) vai ao Pai (espírito paternal) senão por mim (o filho -subconsciente)”. Ou: O Uhane se liga ao Aumakua através do Unihipili.
Desde cedo o mecanismo Mente-Cérebro reconhece variações de freqüências vibratórias e pode sofrer alterações na matéria equivalentes a elas. De um lado o conjunto Mente-Neurônios-Cérebro-Nervos (matéria), pode alterar as vibrações, bem como as vibrações podem afetar o conjunto. Essas diferentes freqüências vibratórias podem ser percebidas e registradas (zona gnósica de cada área do cérebro), e a isso chamamos memória. Uma vez percebidas e registradas na matéria alterada, podemos fazer comparações e diferentes tipos de associações. A atuação da energia permite as sensações que comparadas com registros anteriores, fazem-se novos registros, criando a memória que é associada ao conceito de tempo. A memória é a função da mente que recebe a impressão como enfoque objetivo e proporciona a impressão no banco de memória conservando-a. A mente reproduz as impressões por enfoques subjetivos, pois enfoca e faz vibrar os cristais de proteína nova, formados na conversão do estímulo em matéria.
O Corpo e a Mente são os dois aspectos da mesma coisa, a Vida. O corpo recebe assimila e reproduz a matéria e a Mente recebe, conserva e reproduz impressões, sempre comandadas pela inteligência que como atributo da Consciência, expressa a nossa vontade.
Os animais têm vida, logo tem corpo e mente. A mente dos animais é mais simples do que a do homem, mas entre animais há uma evolução de complexidade. Quem sabe se deve a isto a citação do Eclesiastes: “Mas quem adverte que o espírito do homem sobe e que o espírito do animal desce”?
Todos evoluem? A evolução depende do aumento da percepção? A percepção é relativa a cada um de nós? Em função da percepção com atenção temos um nível de Consciência? Dependendo do nível de consciência construímos uma Realidade pessoal? Parece que a percepção da Relatividade das Realidades é a base da possibilidade de Evolução dos Conceitos nos diferentes níveis da Evolução do Pensamento.
Quando um estímulo é repetitivo, pode ser um reforço de impressão, mas se segue repetitivo, tornando-se monótono, deixa de estimular a consciência e esta adormece. No entanto o subconsciente permanece mentalmente ativo (mente reativa) registrando tudo de modo inconsciente. Ao modificarmos o ritmo do estímulo, o aspecto Consciente da Consciência se torna ativo, desperta e os registros se tornam conscientes.
Concentrar-se em uma coisa só, de preferência que seja para o bem coletivo, durante algum tempo, favorece as impressões bem como os processos de associações.
Profundamente relaxado, fixar uma imagem e depois deixar ir... é o mesmo que entregar o recado ao Supraconsciente, ou, ao Espírito Paternal, ou, ao “Pai que em mim opera as obras”, ou, ao Aumakua, dependendo de qual é o seu entendimento.

(Continua)

- Prof. Alberto Dias -
Atibaia, 26 de julho de 2003.

- Notas do texto (Por Wagner Borges):
Peço permissão ao prof. Dias para enriquecer a explicação do seu texto com algumas explicações adicionais, básicas, mas que poderão ser úteis para os leitores não acostumados com o estudo das ondas cerebrais, ou com a bela filosofia Huna.
1. Ondas Theta: O cérebro apresenta quatro tipos de ondas cerebrais: ondas beta (30 a 14 ciclos por segundo - característica da vigília física); ondas alfa (13 a 8 ciclos por segundo - características do estado de relaxamento, limiar entre a lucidez e o sono); ondas theta (7 a 4 ciclos por segundo - característica do sono leve); e ondas delta (4 a 1 ciclo por segundo - característica do sono profundo).
Quando alguém escuta uma música adequada para relaxamento, ou entra num estado meditativo, isso faz o cérebro entrar em ondas alfa ou theta, o que favorece o relaxamento, as experiências fora do corpo, e os estados alterados de consciência.

2. Huna: A palavra Huna significa “segredo”, e a palavra Kahuna significa “aquele que guarda segredo”. Este segredo é o conhecimento da arte de fazer acontecerem os milagres (fenômenos parapsíquicos), seja na cura ou na vida diária. Os antigos "Kahunas", xamãs havaianos, chamavam a energia curativa que possuímos, de "mana" e o sistema que empregavam para utilizá-la, denominavam "huna".
Para maiores detalhes sobre a magia dos Kahunas, ver a obra clássica de Max Freedom Long: “Milagres da Ciência Secreta” – Edição do Grupo Editorial Monismo.
Para uma leitura resumida do tema, sugiro o artigo “Os Kahunas e o Segredo do Huna”, escrito por Silvia Addor e publicado pela revista Shanti (número 3, março de 2003) – Esse artigo pode ser lido no site do Colégio dos Magos: www.colegiodosmagos.hpg.ig.com.br/os_kahunas_e_o_segredo.htm

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