PRÓXIMA ESTAÇÃO

- Por Maurício Santini -

O trem chega e desembarca centenas de almas. Vieram de Castela, na parada de Atocha.

Um silêncio aturdido vem do vagão. Perplexo. Indignado. Amortecido pelo estampido das bombas. Porém, qual o porquê oculto de tanta infâmia?
Somos todos passageiros de um mesmo vagão. Viemos de passagem e com o destino marcado. Muitas vezes compramos os bilhetes para a grande mudança.

Freqüentemente o Maquinista conduz a locomotiva para o descarrilamento.

Isso, costumamos chamar de “acidente”. Mas será que Deus não conhece as folhas que caem sobre o chão?

A vida é torneada por encontros e despedidas. Todos, invariavelmente, seguem rumo à uma próxima estação. Os que ficam, sempre sofrem a dor de uma perda transitória. Todavia, o que seria de nós se não prosseguíssemos viagem?

E se o ser humano fosse renegado a viver sem os ventos que batem na janela do vagão ou sem as paisagens que se movem lá fora?

Bem-vindos ao Infinito, passageiros! Na verdade a viagem começa agora!

Abram suas janelas para o Indissolúvel, já que a alma não explode com as bombas. Nossa bagagem é imperecível! Nenhum ato terrorista é capaz de apagar as luzes. Nem a fé cega, nem o fanatismo mais algoz. Somos todos passageiros de um trem que passeia ligeiro pelas estações do Universo!

PS: Esse texto é uma homenagem às vítimas do atentado de Madrid, na Espanha.

- Nota de Wagner Borges: Mauricio Santini é jornalista, escritor, poeta e espiritualista. É meu amigo há muitos anos, e sempre me emociono com os seus textos brilhantes e cheios de daquele algo a mais que só os grandes escritores e poetas possuem.
Para ver outros textos dele, basta entrar em sua coluna na revista on line de nosso site (www.ippb.org.br)

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