Brasil e Japão, Amor e Fruta-Pão III

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BRASIL E JAPÃO, AMOR E FRUTA-PÃO – III*
Mais uma Ode ao Povo Japonês, de Todos os Lugares.
 
Quando eu atravessei os mares, o Japão veio junto...
Sim, em meu coração.
Aqui, a visão das cerejeiras se tornaria Liberdade**.
 
Eu trouxe o brilho do sol nascente nos meus olhos orientais...
Para iluminar os meus passos nas terras do Cruzeiro do Sul.
Aqui, a visão do Monte Fuji se tornaria Saúde***.
 
Os meus ancestrais vieram junto comigo...
Sim, em espírito e inspiração.
Aqui, a visão dos ventos antigos se tornaria brisa morna.
 
Enquanto a Ilha de Edo ficava para trás, eu olhava para o céu...
Pois o meu destino era o Brasil, terra da fruta-pão.
Aqui, a visão do meu passado se tornaria presente.
 
À noite, eu sonhava com a Deusa Amaterasu...
E pedia a Ela que guiasse e protegesse minha gente na nova terra.
Aqui, a visão dela nas estrelas se tornaria o meu lar.
 
Quando eu fiz a música de minha viagem, foi com a shakuhashi...
E os espíritos tocaram a flauta comigo!
Aqui, a visão dos ancestrais se tornaria sopro vital em mim.
 
P.S.:
Quando Keiko me viu tocando a shakuhashi, logo me disse:
“As pérolas estão descendo dos seus olhos.”
E Takeda também veio e me abraçou, e disse:
“Lá no Brasil tem fruta-pão.”
Então, Suyama chegou e me sugeriu:
“Junta as pérolas e a fruta-pão... e canta o nosso sonho.”
E assim eu fiz, pensando em Pena Branca e Buda.
Porque, a terra do sol nascente se encontrou com a pátria do Cruzeiro do Sul.
(Lá em cima, Iemanjá e Amaterasu**** estão juntas, cantando a Luz.)
E, agora, eu me tornei japa-tupi-guarani.
Que essa união me torne melhor como gente.
 
(Dedicado novamente ao povo japonês, de lá e daqui, da Terra e do Astral.)
 
- Notas:
* Eu fiz esses escritos por inspiração de um senhor japonês, desencarnado, que veio na imigração japonesa para o brasil, em 1908. Ele viveu e foi feliz aqui. Trata-se de um espírito amoroso e cordial. E ele me pediu para escrever algo relativo a essa temática dos imigrantes japoneses que vieram morar no Brasil.
Eu o vi no sábado passado, durante uma apresentação do espetáculo “Tabi, A Jornada dos Primeiros Imigrantes ao Brasil” (com performances dos meus amigos, Danilo Tomic, na flauta shakuhachi, e Cris Miguel, na condução dos bonecos dos personagens), no Espaço Cultural Casa Passarinho - https://www.facebook.com/casapassarinho.arte/
E hoje, dias depois, eu me senti inspirado a escrever o que ele me pediu. E, junto, desceu um sentimento muito legal aqui, um misto de amor com cerejeira em meu coração.
Ah, é uma honra escrever novamente sobre isso.
Obs.: As duas partes anteriores desse texto podem ser acessadas nesses links:
** Referência ao bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, que tem o maior reduto da colônia nipônica fora do Japão.
*** Referência ao bairro da Saúde, onde moro atualmente, e que é outro lugar da cidade com grande concentração de japoneses.
**** Na cultura japonesa, Amaterasu é a deusa do Sol e do universo, e é considerada uma das mais importante divindades do Xintoísmo. Ela é responsável por trazer luz ao mundo e pela fertilidade, e seu santuário, em Ise, é um dos mais importantes do Japão.
Obs.: Enquanto eu editava esses escritos, rolava aqui no meu som a música “Kurenai”, da instrumentista japonesa Missa Johnouchi. Então, deixo, na sequência, o seu link no YouTube.
 

- Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa alguma.

São Paulo, 12 de outubro de 2019.

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