Fora do corpo - Orientação para a Projeção Consciente

Índice de Artigos

Orientação para a Projeção Consciente

"Já foram elaborados vários métodos para se deixar conscientemente o corpo. Desde preces até movimentos quase atléticos - ou mesmo dolorosos - utilização de exercícios de contemplação, de meditação, sons mágicos, sem contar os vários tipos de drogas, utilizadas por diferentes culturas, em diferentes contextos metodológicos. Hoje, a maioria dessse métodos foram abandonados, ou depurados de seus excessos culturais, sem qualquer valor que não o que lhes era atribuído por aqueles tecidos nos quais estavam encaixados. Os métodos modernos, então têm se caracterizado por um crescente despojamento e por uma objetividade consoante os critérios científicos e paracientíficos hoje em vigor. Entretanto, paralelamente esse aperfeiçoamento, realizado para melhorar os resultados obtidos, definiu-se também uma frase que, hoje em dia, é quase tão universal quanto as própias experiências extracorpóreas:

Não consegui nada! Sinal evidente de decepção, esta frase parece ser cada vez mais pronunciada, num tempo em que as pessoas estão relativamente habituadas a obter as coisas instantaneamente: café instantâneo, informação instantânea, lazer instantâneo, e outras maravilhas do mundo da tecnologia.

Não estou querendo dizer que devamos renunciar aos confortos da tecnologia e das coisas instantâneas. elas já provaram a sua utilidade e vieram para ficar. O erro, no entanto, existe. E consiste em se imaginar que as coisas tradicionais foram superadas, ou que fazem parte de um passado que não volta mais. Esta atitude tem levado muita gente, talvez a maioria das pessoas, a adotar um modo de vida no mínimo questionável, que as leva a uma série de hábitos bastante nocivos.

Um desses hábitos tão prejudiciais é a nossa maneira de pensar e de ver a nós mesmos. Tudo em nossas vidas conspira contra a nossa convivência com nossas próprias pessoas e com nossas próprias vidas.

Drogamo-nos com o barulho e com a velocidade, criamos curiosos madêlos de vida e idéias estranhas a respeito do que seja a nossa relação com nossa própria imagem e estética. Vemos a nós mesmos não como somos, ou como poderíamos ser, mas como a sociedade de consumo diz

que somos, ou que devemos ser. E o pior de tudo é que fingimos acreditar no que nos foi imposto. Tudo isso interfere em nossa estrutura de consciência de uma forma poderosa e efetiva e se depois de tudo isso desejamos nos dedicar às artes tradicionais, assim de repente, como quem aperta um botão, os resultados não podem ser aqueles que esperavamos, porque nossa consciência estará fluindo na direção que lhe foi solicitada quotidianamente, ou seja, no caminho previsto pela Mente Consciente, objetiva, tátil, enquanto a administradora geral de nossas vidas, a Mente Subconsciente, está reprimida há muito tempo, expurgada e desprestigiada. Enfim, nos preocupamos mais com os resultados que perseguimos do que com os elementos que constituem o processo que percorremos para obter esses resultados. Isso faz com que nossos resultados não tenham tanta base, não seja tão bons como poderiam ser, ou mesmo que se atrasem indefinidamente. Quando começamos a realizar os exercícios para obter as Projeções Lúcidas, estamos entrando em contato com um sem número de aspectos relativos a vida e a nós mesmos, que são de grande utilidade, independentemente dos resultados específicos que estamos buscando. É um preíodo de grande descobertas, algumas talvez não muito agradáveis, outras altamente estimulantes, mas todas muito positivas e básicas para nosso crescimento. Faça dessa fase de tentativas e de exercícios um período de descobertas e de interessantes lições. Se, por um lado, o caminho pode ser longo e árduo, por outro lado ele pode ser pontilhado de grande prazer e estímulo. Agindo assim, você poderá descobrir que nem sempre perseverar é sinônimo de sacrifício e dificuldades, mas, ao contrário, pode ser fonte de um cativante e inesquecível aprendizado. Quando, finalmente, chegar a seu destino a Projeção Lúcida terá então um alcance muito maior e um significado muito mais profundo do que se fosse produzida sem maiores reflexões.

E, enfim, olhe a si mesmo e ao Universo sem preconceitos. Leve em consideração o que dizem as religiões e filosofias, mas não se prenda a essas considerações, e nem faça delas elementos de restrição a uma experiência que, afinal de contas, será sua. Não faça pouco de você mesmo, repetindo frases como: jamais vou conseguir isto, ou eu não sou espiritualizado o suficiente, não sou médium e outras baboseiras do gênero. Quando muito repetidas, essas coisas acabam sendo aceitas pela mente subconsciente como verdades, e podem prejudicar seriamente a sua experiência, ou mesmo impedi-la. Veja a si mesmo como um cidadão cósmico, um habitante do infinito, um morador do Universo. Quando apesar dos seus esforços, não obtiver o sucesso que desejava, sorria bem-humurado, porque, para quem sabe aproveitá-lo, o aparente fracasso é um sinal de que alguma coisa está errada, ou que o processo em si não amadureceu. Em outras palavras, para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, o fracasso é uma lição a mais. Encare essas limitações com paciência, porque elas são transitórias e apenas fortalecem aquele que persevera. Procure, sobretudo, relaxar mentalmente. De nada adiantará um corpo físico profundamente relaxado, se você ficar ansioso, exigindo demais de você mesmo, ou ainda com pensamentos paralelos, que apenas excitam a mente, influenciam diretamente na tensão física, e frustram os objetivos."

Marco Antônio Coutinho

Livro: Além do Corpo - A Arte Tradicional das

Experiências Extracorpóreas.


"Imagine, por um momento, um rio que se torce e se curva a cada cem metros. Um homem estacionado no convés de um barco fluvial, o qual fosse lançado nuvens de fumaça pelo intinerário a ser feito, poderia ver apenas o trecho do rio em que o barco navega no momento. O trecho que para além da curva, à retaguarda, é invisível para ele; o mesmo acontece com o curso do rio que fica além da próxima curva para o qual o barco vai sendo guiado. Suponhamos que outro homem esteja fazendo o mesmo caminho num helicóptero. Esse homem veria todo o curso do rio numa longa extensão: tanto o caminho percorrido pelo barco quanto o ainda a percorrer, assim como o lugar em que está no momento em que o observa. Para esse homem, a paisagem pela qual passou o barco é tão visível quanto a paisagem que os olhos dos passageiros vêem naquele momento, ou que verão em futuro próximo. Para ele não há passado nem futuro: tudo de fato é presente. O homem não evoluído e o homem evoluído assemelham-se ao passageiro do barco e ao do helicóptero."

 

Peter Richelieu (Viagem de Uma Alma).

Imprimir Email